Na véspera da eleição municipal, o prefeito paulistano, Bruno Covas (PSDB), lidera com folga a disputa na capital, segundo indica pesquisa do Datafolha. Três adversários brigam por uma vaga em segundo turno.
O levantamento ouviu 2.987 pessoas na sexta (13) e sábado (14). Encomendado pela Folha em parceria com a Rede Globo, ele tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.
A pesquisa mostra que Covas tem 37% dos votos válidos na disputa, isto é, excluindo os brancos e nulos. Esta é a forma com que a Justiça Eleitoral fará sua contagem no domingo (15). Está no mesmo patamar da pesquisa anterior, feita na segunda (9) e terça (10) passadas.
O segundo lugar tem um empate técnico, com vantagem pela curva apresentada do candidato do PSOL, Guilherme Boulos. Ele registra 17%, ante 15% no começo da semana.
Numericamente atrás vêm Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos), com 14% e 13%, respectivamente. O ex-governador oscilou um ponto, na contagem de votos válidos, e o deputado federal dois, comparando com a rodada anterior, invertendo assim de posição.
Em votos totais, Covas tem 33% das intenções, Boulos, 15%, França 12% e Russomanno, 11%. Apenas o deputado teve queda em relação ao resultado do começo da semana, que foi marcada pelos debates finais da campanha, como o Folha/UOL, realizado na quarta (11).
A curva é desfavorável para Russomanno, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na cidade. Ele começou a corrida na frente e desidratou continuamente —no começo de outubro tinha 33% dos válidos.
Para piorar sua situação, o deputado bateu agora exatamente a mesma rejeição aferida pelo Datafolha de seu padrinho político: 50%. Já não votariam em Covas 25%, em Boulos 24%, e em França, 17%.
O deputado buscou trazer temas nacionais à campanha, incentivado por Bolsonaro, que queria fustigar Covas —nome de seu principal adversário hoje, o governador João Doria (PSDB).
Com avaliação fraca na capital, os tucanos não usaram a imagem do governador na campanha, enquanto Russomanno associou-se diretamente ao presidente para até aqui repetir os pleitos de 2012 e 2016, quando também saiu na frente e não chegou ao segundo turno.
O atual prefeito, que em 5 e 6 do mês anterior tinha 25% dos votos válidos, cresceu em movimento contrário.
Estrategistas de sua campanha ainda apostam numa disparada final para repetir o desempenho da chapa que integrou como vice de Doria em 2016, que matou o jogo no primeiro turno.
Mas sua posição agora não é tão favorável: na véspera da eleição daquele ano, o tucano tinha 44% dos votos válidos, ante 16% do mesmo Russomanno e do então prefeito Fernando Haddad (PT), na corrida que ainda tinha Marta Suplicy (então MDB).
O empate triplo ainda se configura no segundo lugar porque pode haver movimentos de última hora. Disseram estar decididos em quem votar 72% —67% fizeram sua opção há pelo menos um mês, enquanto 16% a tomaram nos últimos 15 dias e 17%, nesta semana.
Entre aqueles que podem mudar de voto, 21% dizem que consideram optar por Covas, enquanto 15% falam isso sobre França e Russomanno. Escolheriam Boulos 8%.
Apesar disso, Covas vem recebendo votos de apoiadores antes fechados com Russomanno: sua intenção entre evangélicos subiu a 35% dos votos válidos, enquanto a do deputado foi a 22%.
Em termos gerais, o perfil dos eleitores seguiu estável nesta semana final de disputa. Covas vai melhor entre quem tem mais de 60 anos (52% dos válidos), um reflexo do sobrenome de seu avô, Mário Covas (1930-2001), e quem tem o ensino fundamental (44%).
Já Russomanno vai muito mal entre os mais ricos (3% dos válidos), que preferem Boulos (27%) e Covas (35%). O candidato do PSOL também vai melhor entre os mais jovens (30%) e quem tem curso superior (30%).
França, por sua vez, tem avaliação homogênea, se sobressaindo um pouco (16%) nos grupos de 35 a 44 anos e dos que ganham de 2 a 5 salários mínimos.
Dado importante no dia da eleição, o conhecimento do número do candidato é de 56% entre os ouvidos pelo Datafolha. Entre os quatro primeiros colocados, 73% dos eleitores de Covas sabem quais teclas apertar na urna, número que vai 84% entre os de Boulos, 66% de França e 56%, de Russomanno.
Com o fraco desempenho de Russomanno, configura-se em São Paulo o espraiamento da onda conservadora que acompanhou a ascensão de Bolsonaro ao poder em 2018. Neste pleito, Brasil afora, a prevalência é de candidatos centristas e mais experientes, a tal velha política que foi enxotada na esteira das revelações da Operação Lava Jato.
Já o antipetismo que levou Doria com Covas de vice à prefeitura da capital em 2016 sofreu alterações.
O desempenho de Jilmar Tatto, que marca apenas 6% dos votos válidos, diz muito sobre as dificuldades do partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no principal centro urbano do país, e o PSOL, herdeiro presumido desse eleitorado, não chega perto ainda da competitividade dos petistas de outrora.
Empata com Tatto o candidato do Patriota, Arthur do Val, com 6%. Depois vêm Joice Hasselmann (PSL, 3%), Andrea Matarazzo (PSD, 2%), Marina Helou (Rede, 1%) e Vera Lúcia (PSTU, 1%). Não pontuaram Levy Fidélix (PRTB), Orlando Silva (PCdoB) e Antônio Carlos (PCO).
A campanha de Russomanno tentou suspender a divulgação da pesquisa deste sábado (14), como havia tentado na rodada anterior, mas teve seu pedido negado na sexta (13) pelo juiz Marco Antonio Martin Vargas, que autorizou a publicação e determinou a inclusão de informações relacionadas à amostragem.
Os entrevistados pelo Datafolha foram estratificados conforme variáveis de gênero e faixa etária do eleitorado, em tamanho proporcional a esses segmentos e às regiões da cidade.
O nível econômico reflete o que os pesquisadores encontraram na amostra. Em relação ao grau de instrução, a amostra contemplou a seguinte divisão: até nível fundamental e médio (67%) e nível superior (33%).
A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número SP-01587.