A notícia do corte de energia elétrica de uma gelateria, um desabafo nas redes sociais e uma fila de virar quarteirão de pessoas dispostas a ajudar. Esses foram os elementos de uma história de solidariedade registrada em Votuporanga, na região de Rio Preto, que foi marcada pela venda de 4 mil picolés em menos de três horas.
O mestre sorveteiro Luís Augusto Demori é dono da gelateria familiar que abriu no ano passado. Ele foi duramente impactado pela pandemia, já que as vendas despencaram. Sem dinheiro em caixa, as contas atrasaram. Até que veio o corte de energia elétrica.
“As coisas já não andavam boas, mas pioraram muito. Acumulei uma dívida de R$17,5 mil com a Elektro [concessionária de energia]”, desabafou ao sbtinterior.com
Desesperado com a possibilidade de ver o estoque derreter e o prejuízo aumentar ainda mais, Luís Augusto gravou um vídeo e postou nas redes sociais. Na gravação ele contou o drama que estava vivendo e baixou os preços dos produtos para tentar chamar a atenção dos clientes.
Mas o que chamou a atenção mesmo foi a sinceridade do pequeno empresário. Clientes começaram a compartilhar a informação e em pouco tempo, o estabelecimento que andava completamente vazio, recebeu dezenas de pessoas. A fila seguia por dois quarteirões.
“Muita gente veio comprar e ajudar. Tinha gente que eu nem conhecia lá”, lembra.
Apesar do sucesso com as vendas, as dificuldades continuam. Além da dívida com a concessionária de energia elétrica, Luís Augusto tenta reverter a ordem de despejo na justiça. São R$24 mil em alugueis atrasados.
“A gelateria é meu sonho e o sustento da minha família. Tenho três filhos pequenos que precisam de mim”, conta o empreendedor.
Além da onda de solidariedade na cidade em que mora, muita gente de outros estados e até de outros países procuraram Luís Augusto para ajudar. “Pessoas têm me ligado para fazer doações. Não quero me fazer de vítima, quero apesar recomeçar a minha vida”.
Até agora, Luís Augusto recebeu R$4 mil em doações, além dos R$ 7 mil que acumulou com as vendas. Mas falta mais para conseguir se reerguer. “São quase R$ 50 mil em dívidas, além do dinheiro para comprar ingredientes para voltar a produzir”, descreve.
A boa notícia que veio um dia após o ápice da crise é que a Justiça concedeu uma liminar e a concessionária religou a energia, mesmo com as contas em atraso.