terça, 12 de novembro de 2024
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Só um quarto dos estudantes diz estar bem informado sobre reforma

Uma pesquisa divulgada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) aponta que apenas 53% dos estudantes brasileiros entre 13 e 18 anos afirmam estar a par das mudanças propostas pelo…

Uma pesquisa divulgada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) aponta que apenas 53% dos estudantes brasileiros entre 13 e 18 anos afirmam estar a par das mudanças propostas pelo governo federal para o Ensino Médio.

Dos estudantes que dizem estar acompanhando o tema, quase 52% admitem estar pouco ou mal-informados.

As críticas à Medida Provisória (MP 746/2016), que propõe a reestruturação do ensino médio, e à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos, que visa limitar gastos do Governo Federal pelos próximos 20 anos, têm sido apontadas como motivos para que estudantes ocupem universidades e escolas públicas em todo o país. Os estudantes pedem que as reformas da educação sejam discutidas com a comunidade escolar e demonstram preocupação com possíveis cortes de verbas na educação. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) contabiliza mais de mil estabelecimentos de ensino públicos ocupados. Em função disso, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado no último final de semana, adiou para dezembro a realização da prova em 364 locais.

Para o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, os resultados da pesquisa “Os Jovens, a Educação e o Ensino Médio” sugerem que a discussão do tema está sendo superficial. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas feitas com 2.002 jovens de 13 a 18 anos, entre os dias 8 e 18 de outubro. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 2 pontos para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.

Flexibilidade sim, aumento de jornada não

Perguntados sobre as principais propostas de mudanças, 65% responderam ser favoráveis à possibilidade do estudante substituir algumas das disciplinas tradicionais por matérias do ensino profissionalizante a partir da metade do Ensino Médio. Pouco mais de 26% dos entrevistados disseram ser contrários às mudanças, enquanto 6% responderam não ser nem a favor, nem contra e 2% não responderam. Já o aumento da jornada diária de aulas de 4 horas para 7 horas foi rejeitada por 57% dos entrevistados e aprovada por 36%.

Quem indicou ter maior conhecimento conhecimento sobre as propostas foram os entrevistados do Sul (66%) e do Norte e Centro-Oeste (57%). Nas regiões Sudeste e Nordeste os percentuais dos jovens que afirmam estar inteirados cai para 53% e 46% respectivamente. O maior percentual de entrevistados que admitem não estar bem-informados foi registrado na Região Sudeste (44,4%), seguida pelo Nordeste (43,8%).

Campanha a favor

Ao apresentar o balanço do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nesse domingo (6), o ministro da Educação, Mendonça Filho, declarou que a maioria dos estudantes quer a reforma do ensino médio por considerá-lo atualmente “distante dos seus sonhos”.

“Acho que há muita desinformação sobre a reforma do ensino médio”, disse o ministro, defendendo a urgência da aprovação da MP 746 pelo Congresso Nacional. “A forma [como a reforma será feita] não é o mais relevante, mas os pressupostos para [a apresentação da] MP são dois: relevância e urgência do tema. Por isso o governo federal enviou e mantém a MP [no Congresso Nacional]. Espero e vou trabalhar politicamente para que ela seja aprovada até dezembro”.

Desde o último dia 28, o Ministério da Educação (MEC) está divulgando nos principais veículos de comunicação e redes sociais uma campanha publicitária para tentar convencer a população de que, com o novo modelo de ensino médio, os estudantes terão mais liberdade para escolher as áreas de conhecimento que mais lhes interesse. Ou mesmo optar pela formação técnica, caso queiram concluir o ensino e começar a trabalhar. Procurado, o MEC não informou o custo da veiculação da campanha.

“Sempre nos colocamos de forma aberta ao diálogo. Agora, [se] o Estado brasileiro tem que [respeitar] o princípio de que todos tem o direito de protestar, [precisa observar que] este direito se encerra quando começa o direito de outra pessoa, como o direito de ir e vir e do acesso à educação”, acrescentou o ministro ao comentar as ocupações. “Participarei de todos os debates necessários. Vamos exaurir a discussão, mas é preciso votar. Porque estamos discutindo esse assunto há 20 anos e não quero passar mais duas décadas discutindo”.

O diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, defende a necessidade de mudanças na grade curricular, sobretudo no tocante à valorização do ensino técnico. Para Lucchesi, outras pesquisas da entidade apontam que quase a totalidade dos brasileiros creem que a educação profissional é capaz de proporcionar melhores oportunidade para os jovens ingressarem no mercado de trabalho, resultando em melhores salários.

“Acho que o Brasil, seguramente, precisa de um maior diálogo entre o sistema educacional e um projeto de país. Com a discussão [de reforma do ensino médio], há, hoje, uma reflexão na sociedade. Esperamos que, no final, o Brasil tenha uma lei bem construída, fruto de um longo processo de debate iniciado com a aprovação da LDB [Lei de Diretrizes e Bases (https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm), em vigor desde 1996]”, comentou o diretor-geral do Senai, destacando a importância do ensino profissionalizante para a inserção de jovens no mercado de trabalho.

Procuradas, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) ainda não responderam aos pedidos de entrevista.

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