quinta, 14 de novembro de 2024
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Show pornô em universidade escandaliza Buenos Aires

De repente, quando já havia anoitecido na Argentina, mas o relógio marcava 19h30 na última quarta-feira, homens e mulheres nus entraram no átrio da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade…

De repente, quando já havia anoitecido na Argentina, mas o relógio marcava 19h30 na última quarta-feira, homens e mulheres nus entraram no átrio da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires (UBA) e começaram a ter relações sexuais, incluindo sexo grupal e sadomasoquismo. Centenas de estudantes e professores, surpresos, atraídos ou indignados, começaram a tirar fotos, gravar vídeos e publicá-los nas redes sociais. Era uma exibição “pós-pornô”, um movimento internacional de crítica à pornografia tradicional a partir de um “olhar feminista e subversivo”, segundo uma das protagonistas do show que chocou a Argentina, a jornalista e pesquisadora acadêmica Laura Martino. Um grupo espanhol “pós-pornô”, o PostOp, também participou da performance.

Não que a UBA seja um espaço conservador, mas a apresentação incendiou o debate entre as autoridades da Faculdade de Ciências Sociais, kirchneristas, e os militantes que dominam o centro de estudantes, trotskistas. Estes últimos se queixaram de que os protagonistas da cena fizeram sexo sobre as mesas onde são discutidos seus cargos políticos dentro do átrio e até mesmo urinaram sobre elas e se recusaram a limpá-las. As redes sociais ficaram repletas de comentários de rejeição, apoio e piadas.

A faculdade explicou que o “pós-pornô” fazia parte de um ciclo cultural chamado Quarta-feira de Prazer, que começou em 2012, e que é organizado pelos pesquisadores, professores e estudantes da área de comunicação, gênero e sexualidade. “A atividade pós-pornô foi programada, como as anteriores, em um espaço fechado de sala de aula, como uma intervenção artística de vanguarda acompanhada de debate acadêmico”, esclareceram as autoridades, acrescentando que identificarão os responsáveis que fizeram a apresentação em pleno átrio. Além disso, também pediram desculpas “se qualquer sensibilidade foi ferida pelo fato de uma parte da atividade ter sido realizada fora do espaço inicialmente designado”. As estrelas do show defenderam a decisão de provocar, ao fazer a apresentação em um espaço aberto, por onde passam todos os alunos e professores, com o argumento de que buscavam mostrar o sexo em um lugar dominado pelas bandeiras e cartazes dos partidos políticos.

“Se for uma forma de defender a universidade, talvez sirva para unir”, brincou uma autoridade

“A universidade pública é um espaço de liberdade irrestrita, de pluralidade ideológica e troca permanente de ideias. É uma comunidade integrada por pessoas adultas que frequentam cada sala de aula, auditório ou espaço de uso público com pleno conhecimento dos conteúdos de cada proposta”, justificou a Faculdade de Ciências Sociais. Por outro lado, o reitor da universidade, Alberto Barbieri, foi mais duro: “Se necessário, vamos punir os responsáveis”.

O Ministro da Educação da Argentina, Alberto Sileoni, entrou na polêmica ao dizer que “as autoridades universitárias disseram que não houve autorização” e, portanto, defendeu “alguma forma de sanção”. Reconheceu que alguns alunos poderiam ter se “incomodado ou ofendido” pelo show. Já o chefe de Gabinete do Governo de Cristina Fernández de Kirchner, Aníbal Fernández, levou em tom de brincadeira: “Não estou nem aí para os pós-pornô nem para os pré-pornô. Se for uma forma de defender a universidade pública, lá fora [talvez] até seja [possível] agarrar [unir] alguém”. Pode ser que a próxima apresentação da Quarta-feira de Prazer na faculdade tenha mais participantes do que antes.

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