As férias de verão são aguardadas por muitas famílias que optam por essa época para pegar as estradas. Mas é preciso atenção. No ano passado inteiro, foram 2.171 acidentes fatais nas rodovias de São Paulo, que terminaram com 2.381 mortes — ou seja, praticamente sete pessoas perderam a vida por dia, em média.
Os números fazem parte de levantamento realizado pelo Metrópoles usando a base de dados de acidentes fatais rodoviários do Infosiga, do governo estadual. O recorte traz também as rodovias com maior número absoluto de acidentes e mortes no estado de São Paulo em 2023. Vale ponderar que a extensão e o volume de veículos que passam por cada uma das estradas podem influenciar na quantidade de sinistros.
Veja as rodovias com mais acidentes fatais e mortes
Rodovia – Acidentes Fatais – Mortes
Anhanguera – 130 – 140
Dutra – 106 – 112
Raposo Tavares – 89 – 96
Régis Bittencourt – 76 – 86
Washington Luís – 71 – 77
Rondon – 57 – 60
Santos Dumont – 43 – 51
Castelo Branco – 45 – 50
Bandeirantes – 48 – 49
Assis Chateaubriand – 40 – 47
Imigrantes – 44 – 46
Anchieta – 41 – 46
Padre Manoel da Nóbrega – 40 – 45
Dom Pedro 1º – 40 – 45
Doutor Manuel Hipólito Rego – 43 – 44
Doutor Adhemar Pereira de Barros – 43 – 44
O número de mortos na rodovias paulistas em 2023 foi menor do que no ano anterior. Em 2022, segundo o Infosiga, foram 2.468 mortes em 2.235 acidentes fatais. Houve queda de 3,5%.
Fator humano
A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) fez um levantamento em 2022 tomando como base apenas as rodovias federais de todo o país e chegou à conclusão de que 83% dos acidentes tiveram como causa o fator humano, que é a conduta do motorista.
O fator veículo correspondeu a 5%, as condições da rodovia a 10% e outros 2% ao ambiente (chuva, neblina, etc.).
O início da noite é o momento mais crítico e propício para a ocorrência de acidentes fatais nas rodovias paulistas, mostram os números coletados no Infosiga. Um quarto (24,8%) daqueles que terminaram com morte aconteceram das 18h às 20h59.
Em artigo publicado em 2018 pela Abramet, o então diretor de comunicação da entidade, Dirceu Rodrigues Alves Júnior, alertou que a desorientação espacial é maior à noite, o que faz com que motoristas percam a noção, por exemplo, da distância ideal para o veículo da frente.
Outro exemplo é que ao cruzar com um ponto de luz, como o farol de outro carro, o motorista pode percorrer até 120 metros em cegueira momentânea, sem ver o que está à frente, caso esteja a 100 km/h. Ou seja, a direção durante o período noturno tem uma série de riscos.
Também fica o alerta para quem pega a estrada na folga. Os dados do painel de acidentes do governo estadual trazem também o domingo como o dia da semana mais perigoso nas rodovias de São Paulo. Foram 426 acidentes como mortes, praticamente um quinto (20%) do total.
Ações
A Polícia Rodoviária Estadual diz que realiza análise crítica semanal para identificar as causas dos acidentes para desenvolver ações preventivas. “São promovidas Operações de Fiscalização de Trânsito, com ênfase especial na abordagem a motociclistas. Além das atividades de fiscalização de trânsito de responsabilidade do policiamento rodoviário, colaboramos ativamente com a concessionária Ecovias na execução de campanhas educativas”, diz.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) diz que está atenta ao elevado número de mortes em rodovias pelo país. “Para isso, somente no ano de 2023 foram fiscalizadas mais de 5.000 pessoas e veículos nas rodovias federais do estado de São Paulo. “Em ações de educação para o trânsito tivemos um aumento de 150% em relação ao ano de 2022. Além disso, foram lavradas 1.727 infrações”, afirma.
A PRF diz também que está plena Operação Rodovida, que termina após o Carnaval, com o objetivo de diminuir o número de mortos e feridos no trânsito.
Segundo a PRF, na BR 101, ocorre a Operação Verão há mais de 1 mês, com educação para o trânsito e fiscalização de motoristas infratores.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) diz que a segurança nas estradas é um tema de alta relevância para as empresas, que investem frequentemente na redução de acidentes, com duplicações, equipamentos de segurança, sinalização e atendimento aos usuários. “Não por outra razão, em 2022, as rodovias federais concedidas apresentaram uma taxa de severidade 3,3 vezes menor em comparação às públicas”, afirma, em nota.
Segundo a ABCR, também foi criada, com PRF, DNIT, ANTT e outras entidades, a agenda permanente pela segurança viária, que busca implementar ações de prevenção de sinistros nas rodovias por meio de políticas públicas, regulação e fiscalização, educação para o trânsito, entre outras iniciativas.
Já a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) diz que nos contratos de concessão é previsto que cada concessionária apresente um Programa de Redução de Acidentes de Trânsito e Segurança Rodoviária (PRA) para promover a melhoria no sistema viário, beneficiando condutores de veículos de uma forma geral.
A Artesp também afirma que apoia a realização de campanhas educativas para conscientizar os usuários das rodovias sobre a importância de práticas seguras no trânsito.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) diz que lançou o Manual de Segurança Viáriapara identificação dos problemas em rodovias e estradas vicinais, com análise e soluções. O departamento também realiza periodicamente campanhas de promoção do respeito às leis de trânsito e reforça que o respeito às leis de trânsito e aos limites de velocidade garante um tráfego mais seguro, assim como a devida manutenção preventiva dos veículos. Também diz que faz reparos nos trechos sob sua administração.