O presidente eleito Jair Bolsonaro dividiu com o Palmeiras as atenções no estádio Allianz Parque, em São Paulo, neste domingo, no jogo que encerrou a campanha do 10.º título do Campeonato Brasileiro da história do clube e terminou com triunfo por 3 a 2 sobre o Vitória, pela 38.ª rodada. Torcedor da equipe, ele foi convidado pela diretoria alviverde para ir à arena, cumprimentou o técnico Luiz Felipe Scolari e os jogadores no vestiário antes da partida e “quebrou o protocolo” da forte segurança montada para entregar a taça ao capitão Bruno Henrique.
“É um clima de festa, de libertar os sentimentos. Parabéns ao Palmeiras e a todos os torcedores do Brasil. É uma festa ímpar para mim, gostaria de agradecer a diretoria por ter me convidado. Dizem que na democracia rodízio é bom, no futebol não”, falou Bolsonaro, para o SporTV, brincando sobre a supremacia do Palmeiras, que conquistou pela segunda vez nos últimos três anos o troféu de melhor do País.
Desde a chegada ao Allianz Parque, por volta das 15 horas, homens mal-encarados com fones no ouvido espalhados por diversos pontos do estádio, agentes da Polícia Federal e membros da Polícia Militar compunham um verdadeiro esquadrão para garantir que nenhum problema de segurança, como o atentado ocorrido em Juiz de Fora (MG) no início de setembro, se repetisse.
No camarote de número 411, da presidência do Palmeiras, localizado no quarto andar do Allianz Parque, ele foi recebido por Leila Pereira, dona da Crefisa (patrocinadora do time), antes de acenar para os torcedores presentes no estádio. “Eu coloquei a faixa do decacampeonato no presidente!”, disse Leila, à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, em um camarote vizinho. Ela postou o registro do momento em sua conta no Twitter. “Ele estava calmo, mas não consegui ver muito do jogo ao lado dele porque saí em seguida. Mas assim, ele é gente como a gente, sabe?”, emendou a parceira palmeirense. Segundo ela, Bolsonaro não havia comido muito. “Acho que por causa da cirurgia, né?”, questionou.
A reportagem teve acesso ao quarto pavimento da arena. Em frente à porta do camarote onde Bolsonaro estava, seguranças e membros da PM controlavam o acesso com rigor. Após cinco minutos circulando pelo local, o repórter foi avisado por um segurança do Allianz Parque que não poderia permanecer ali por “questões de segurança” e foi acompanhado por um outro até os elevadores. Agentes da Polícia Federal se posicionaram nas portas de saída de emergência do piso, impedindo o acesso pelas escadas. Quando a partida terminou, um corredor humano de policiais e agente escoltou Bolsonaro rapidamente até os elevadores.
Durante a partida, as manifestações da torcida em relação ao presidente eleito foram tímidas. Nas cadeiras abaixo do camarote onde Bolsonaro estava, alguns fãs ficavam de costas para o campo e tentavam registrar pelo celular a presença do político. Vez ou outra, surgia um grito de “mito” do meio do público. Já quando ele apareceu no gramado para entregar a taça, foi ovacionado por praticamente todo o estádio, o que abafou tímidas vaias – pouco antes, o ex-presidente Lula havia sido xingado em uníssono.
A maior manifestação “contrária” a Bolsonaro se deu fora do Allianz Parque, mas em tom de ironia. Torcedores colaram em postes da rua Palestra Itália (antiga Turiassu) cartazes com a frase “Malandro é o Bolsonaro, todo ano é campeão”, que exibia ainda fotos do presidente com diversas camisas de clubes diferentes como: Flamengo, Botafogo, Sport e do próprio Palmeiras. Uma provocação ao fato de Bolsonaro “jogar para a torcida”, no jargão boleiro, ou seja, fazer agrados a diferentes clubes.