O índice de partos em mães adolescentes no Brasil representou 20,5% do total de nascimentos no País em 2006, segundo dados do Registro Civil, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número teve uma ligeira queda em relação ao ano anterior (20,7%). A realidade entre as regiões brasileiras é desigual e o percentual de partos em mulheres com menos de 20 anos chega a quase dobrar entre as diferentes unidades federativas.
Enquanto no Maranhão o índice de partos em adolescentes foi de 27,6%, no Distrito Federal foi de 15,3%. Nos últimos dez anos, segundo o levantamento, o índice de partos em adolescentes caiu em três regiões, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e aumentou em duas, Norte e Nordeste. No País, o número permanece praticamente estável desde 2002, quando o índice foi de 19,9%.
Em 2006, os percentuais dos estados do Sul e do Sudeste ficaram abaixo da média brasileira e dos demais, acima. Para a pediatra e professora da Universidade de Brasília (UnB) Marilúcia Picanço, a gravidez na adolescência está diretamente relacionada às condições econômicas das jovens, que têm menor assistência do poder público em locais de baixo desenvolvimento, como os estados do Norte e Nordeste, ou nas periferias das grandes cidades.
Outras falhas apontadas pela médica que levam ao grande número de mães adolescentes são a falta de distribuição de métodos contraceptivos no sistema de saúde e a falta de um programa permanente que trate do assunto nas escolas.
Além da falta de ação mais determinada do poder público, Marilúcia Picanço destaca uma barreira cultural que as jovens trazem de família, que é a repetição do modelo materno. “As políticas públicas para o jovem não deveriam estar focando somente os métodos de prevenção, pois falta é uma perspectiva de vida”, acrescenta.