A polícia de São Paulo acredita que o roubo ocorrido ontem, 12, de quatro obras de arte do acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky, expostas na Estação Pinacoteca, na Luz, tenha sido encomendado. O delegado Youssef Abou Chahin, diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), afirmou que os criminosos sabiam nominalmente que obras levariam. A polícia avisou o Centro de Operações da Polícia Civil (Cepol) e os aeroportos e portos sobre o crime, com a finalidade de fechar o cerco contra os bandidos.
Os assaltantes gastaram R$ 12 em ingressos para cometer o crime. Três criminosos entraram no museu (foram R$ 4 para cada entrada) enquanto um quarto teria ficado no lado de fora. O assalto aconteceu às 12h30 de quinta-feira, num dos quarteirões mais policiados da Capital. A ação durou 10 minutos e os criminosos saíram pela porta principal, no Largo General Osório. Foi o primeiro roubo registrado em um museu estadual paulista.
Sem esconder o rosto, os criminosos levaram telas que, juntas, são avaliadas pela Secretaria estadual da Cultura em cerca de R$ 1 milhão. São duas obras do pintor Pablo Picasso – O pintor e seu modelo (1963) e Minotauro, bebedor e mulheres (1933) -, a gravura Casal (1919), de Lasar Segall, e o quadro Mulheres na janela (1926), de Di Cavalcanti. Elas integram o acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky e fazem parte do maior conjunto particular de arte moderna no Brasil. Estavam emprestadas por comodato (temporariamente) à Pinacoteca, que não tinha feito seguro contra roubo das obras.
As imagens do trio foram gravadas pelo circuito interno do museu e analisadas pela Polícia Civil na quinta-feira. Dois retratos falados dos suspeitos foram divulgados. Um deles é mulato, e tem 1,70 m e aparenta 25 anos. O outro é negro, de 1,60 m. O terceiro deve ser concluído hoje. As mesmas pessoas tinham sido filmadas na semana passada observando as obras da Estação Pinacoteca , antigo prédio do Departamento de Ordem Polícia e Social (Dops), órgão da Ditadura Militar. O local fica a poucos quarteirões do Quartel General da PM, do Palácio da Polícia Civil e da base da Rota.