O Catar quer entrar para a história do futebol. Se ainda não consegue fazer isso dentro de campo, com uma seleção forte, vai tentar na organização do evento – o Mundial a ser disputado em 2022, quando a França defenderá a conquista obtida neste ano na Rússia.
O excesso de confiança do Comitê responsável é gigantesco, como demonstra nesta entrevista Fatma Al Nuaimi, diretor de comunicação do Comitê Supremo do Catar para Entrega e Legado, nome oficial do grupo organizador do torneio.
Logo de saída, a Copa do Catar já tem um atrativo diferente. Por causa do calor nos meses de junho e julho, de 50 graus, a disputa está marcada entre 21 de novembro e 18 de dezembro.
Al Nuaimi diz que a competição estará aberta a todos, inclusive à comunidade LGBT, e garante ao Estado que os torcedores vão ver uma Copa jamais vista. “Estamos prontos para quebrar os paradigmas da organização de Copas do Mundo e nos estabelecermos como referência em termos de megaeventos esportivos e seu legado.”
Ritmo das obras
“Estamos felizes com o progresso feito em nossos estádios desde o início das construções, em 2014. O Khalifa International (reformado) é o primeiro estádio pronto. Foi concluído mais de cinco anos antes do torneio, em maio de 2017, quando sediou a final da Copa do Emir. As construções estão evoluindo bem nas outras sete instalações e estarão concluídas em 2020.”
Receio de atrasos nas obras
“De jeito algum. Estamos planejando lançar dois estádios no começo de 2019, Al Bayt e Al Wakrah. Vale a pena mencionar que tínhamos planos de contingência em andamento. Isso nos permitiu ser capazes de responder rapidamente ao bloqueio ilegal ao Catar (em junho de 2017, Bahrein, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos fecharam suas fronteiras aéreas e impuseram bloqueios político e econômico ao país). Estabelecemos rotas alternativas de suprimento. Há muito trabalho, como de costume, e estamos em dia com o cronograma em todos os nossos projetos.”
Investimentos
“Estamos trabalhando com orçamento de 23 bilhões de riyals (US$ 6,32 bilhões ou R$ 25,64 bilhões). É importante notar que a maior parte da construção da infraestrutura teria sido levada adiante, independentemente da vitoriosa candidatura para sediar a Copa. Expansões da malha rodoviária, o sistema nacional do metrô e a expansão do Aeroporto Internacional de Hamad são projetos integrantes da Visão Nacional Catar 2030 e foram planejados antes de o país ter-se decidido a se candidatar para o Mundial.”
Copa das Confederações
“Todos os nossos estádios estarão concluídos em 2020. Então, a infraestrutura estará montada bem antes do torneio proposto para 2021. Estamos finalizando os planos, teremos alegria em organizar qualquer que seja o evento que consideremos o melhor para testar a preparação do Catar, antes do pontapé inicial para a Copa.”
Álcool e comunidade LGBT
“O álcool não é parte da cultura catari e não poderá estar disponível em todos os lugares. Só em áreas designadas. A Fifa vai trabalhar com o Comitê Organizador para encontrar uma solução que satisfaça as partes interessadas, internas e externas. Com relação aos torcedores LGBT, todo mundo será bem-vindo. O Catar é um país relativamente conservador, mas tudo o que pedimos aos visitantes é que respeitem nossa cultura.”
Operários empenhados
“Temos uma força de trabalho de mais de 28 mil pessoas ao redor de todos os locais de construção e escritórios. Agora estamos nos aproximando do período de pico de construções e provavelmente iremos superar os 30 mil trabalhadores no fim deste ano ou início do outro.”
Oportunidade para brasileiros
“É claro! Temos uma equipe incrivelmente diversificada e talentosa que inclui mais de 50 nacionalidades. O Catar é uma economia global, recepcionando sem visto pessoas de quase 90 países, e isto está refletido na força de trabalho.”
Denúncias de trabalho escravo
“A saúde e a segurança dos nossos trabalhadores permanece sendo prioridade número 1. Temos nos nossos locais de trabalho taxa de acidentes comparável ou superior a muitos padrões internacionais, inclusive os preparativos para a Olimpíada de Londres, considerados os mais seguros da história. Mas também reconhecemos haver ainda muito trabalho a ser feito e vemos o fato de o Catar sediar a Copa como um catalisador para acelerar iniciativas positivas já em andamento no país. Isto deixará um legado de progresso significativo e sustentável com relação ao bem-estar dos trabalhadores ao redor do país.”
Melhor de todas as Copas
“Confiamos em oferecer aos fãs do futebol, aos jogadores e aos dirigentes e técnicos uma inesquecível experiência. O Catar é um dos países mais seguros do mundo, toda nossa infraestrutura da competição, inspirada na cultura árabe e com tecnologia de ponta, se estende por um raio de 50 km a partir do centro de Doha. Estamos prontos para quebrar os paradigmas da organização de Copas do Mundo e nos estabelecermos como referência em termos de megaeventos esportivos e seu legado.”