

Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde dos EUA e conhecido ativista antivacina, prometeu identificar até setembro as causas do aumento de casos de autismo no país. A proposta, feita durante reunião de gabinete com Donald Trump, inclui um esforço global com centenas de cientistas e será coordenada pela Comissão Make America Healthy Again (MAHA) — grupo sem formação científica, criado por ordem executiva em fevereiro.


A promessa gerou críticas imediatas da comunidade científica, que considera o cronograma irreal e o plano mal fundamentado. Kennedy sugeriu comparar taxas de autismo entre crianças vacinadas e não vacinadas, uma ideia já amplamente desacreditada. Além disso, nomeou para o projeto David Geier, pesquisador desacreditado por tentar associar vacinas ao autismo.
Especialistas apontam que o autismo é uma condição complexa, influenciada por fatores genéticos e ambientais, como pesticidas, poluição do ar e diabetes materna. “Resolver isso até setembro é ridículo”, disse Irva Hertz-Picciotto, da Universidade da Califórnia. Para ela, estudos sérios sobre o tema levam anos e exigem financiamento — justamente o que vem sendo cortado pelo próprio governo.
Para muitos cientistas, a ação de Kennedy representa desinformação institucionalizada. O temor é que, sob aparência de ciência, a iniciativa alimente teorias conspiratórias e desmonte décadas de avanços no entendimento do autismo.
