Secretária de Políticas para a Mulher do governo de São Paulo, Sonaira Fernandes (Republicanos) defendeu que o uso de máscaras contra a pandemia de Covid-19 “é um erro”, declaração que vai na direção inversa ao que defende a Organização Mundial da Saúde (OMS) para proteger a população da pandemia.
Em publicação nas redes sociais, Sonaira usou como argumento posição do Conselho Federal de Medicina (CFM) contrário à obrigatoriedade da proteção em aviões e aeroportos. Em seguida, questionou a efetividade da proteção – que já foi comprovada pela ciência.
“A prevenção à transmissão da Covid-19 é uma preocupação de todos nós, mas a verdadeira ciência indica que impor à população o uso de máscaras (que não têm eficácia comprovada) é um erro”, escreveu na tarde de terça-feira (14)
Junto da declaração, a secretaria do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) incluiu uma imagem em que sugere “Fomos enganados esse tempo todo?”.
A ciência já comprovou a eficiência do uso de máscaras para diminuir o risco de contaminação por Covid. Como a transmissão do vírus ocorre pelo ar, a proteção é capaz de evitar o contágio – máscaras cirúrgicas e as PFF2 (ou N95) são as mais recomendáveis.
A máscara é a grande aliada na proteção contra a Covid-19, já que pode bloquear partículas que a pessoa respira, tosse ou espirra para não as espalhar para outras pessoas. Ela também pode evitar que essas mesmas partículas sejam inspiradas.
Além dela, a vacina é a maior proteção contra a doença. Elas não evitam o risco de infecção, mas mantêm uma proteção muito importante contra doença grave, internações e mortes.
Comprovado e efetivo️ contra a Covid
✔️A transmissão ocorre pelo ar. As partículas (aerossóis) são expelidas quando falamos, espirramos, tossimos ou respiramos.
✔️A máscara PFF2 (ou N95) é a mais eficiente e capaz de evitar contaminação. A máscara cirúrgica vem em segundo lugar. O segredo, no entanto, é saber USAR a máscara de forma correta
✔️As vacinas são a maior proteção contra a Covid. Elas não evitam o risco de infecção, mas mantêm uma proteção muito importante contra doença grave, internações e mortes.
✔️Já existem remédios que ajudam no tratamento pós-infecção para impedir o agravamento de casos.
Condutas que podem ser deixadas de lado
❌Não há necessidade de limpar objetos e compras. O risco de transmissão por superfícies é quase zero. As gotículas são menos importantes do que os aerossóis.
❌Máscaras caseiras ou de pano devem ser aposentadas. Mesmo quando ela é nova, já tem uma capacidade menor de proteção.
❌Cloroquina e ivermectina não funcionam. Sociedades médicas, OMS e outras organizações são contra a prescrição dos medicamentos.
❌Termômetro para medir temperatura e usar luva para se servir no restaurante não evitam ou ajudam na prevenção da Covid.
Cartão vacinal deixa de ser obrigatório
A declaração da secretária Sonaira ocorreu um dia antes de o governador paulista aprovar projeto de deputados bolsonaristas contra o cartão de vacinação. O texto foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (15) com veto para a punição aos estabelecimentos que descumprirem a medida.
Pela lei, não haverá mais a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação para ter acesso a locais públicos e privados, exceto aos profissionais de saúde, uma vez que podem ter contato com imunossuprimidos, trabalhadores em instituições para idosos, profissionais em contato com crianças portadoras de doenças crônicas e mulheres grávidas, considerando que estas pessoas estão mais propensas a desenvolver formas graves de Covid-19.
“Sancionei o fim da obrigatoriedade do comprovante de vacina da Covid-19 para acesso a locais públicos e privados. Tomei a vacina, defendo sua importância, e defendo também a liberdade. Vamos reforçar as campanhas de conscientização e garantir que as doses sejam disponibilizadas a todos”, afirmou Tarcísio de Freitas, pelas redes sociais.
O projeto de lei é dos deputados estaduais bolsonaristas Janaina Paschoal (PSL), Altair Moraes (Republicanos), Carlos Cezar (PSB), Castello Branco (PSL), Coronel Nishikawa (PSL), Coronel Telhada (PP), Agente Federal Danilo Balas (PSL), Delegado Olim (PP), Douglas Garcia (PTB), Gil Diniz (sem partido), Leticia Aguiar (PSL), Major Mecca (PSL), Marta Costa (PSD), Valeria Bolsonaro (PRTB), Frederico d Avila (PSL) e Tenente Nascimento (Republicanos).
Vista como Damares Alves paulista
A secretária foi eleita vereadora pelo Republicanos na cidade de São Paulo e recebeu apoio de Bolsonaro nas eleições. Antes de assumir a pasta, Soraia Fernandes já era conhecida por seu adotar posição de combate às ideias feministas e por defender posições conservadoras – que gerou comparação com a ex-ministra da Mulher e hoje senadora pelo DF, Damares Alves (Republicanos).
Com posts e aspas todos voltados para a família e contra o aborto, Sonaira tem sido vista como a “Damares Alves paulista”, pastora evangélica e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Sonaira afirmou em sua conta no Twitter: “O feminismo é a sucursal do inferno. Quem se diz feminista e cristã está servindo ao Satanás e seus demônios”.
“O feminismo descontrói a moral cristã com o intuito de destruir a sociedade ocidental. É o grande objetivo dos globalistas, esvaziar o ideal cristão e ocupá-lo com as ideias da Nova Era”, disse.
Ela participou do comitê de campanha de Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, em 2014. Após a eleição, Sonaira Fernandes foi convidada a integrar a equipe do deputado federal. Depois, foi convidada a trabalhar como chefe de gabinete do deputado estadual bolsonarista Gil Diniz, no ano de 2019, envolvido em confusões na Assembleia Legislativa.
