Mamãe de primeira viagem Liliane Vieira Pinto, 21 anos, tem motivos de sobra para celebrar a vida. Ao dar à luz ao pequeno Gabriel Henrique, nesta semana, por pouco não viu o sonho da maternidade virar pesadelo, mas a história teve um desfecho feliz graças à rápida atuação de profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que salvaram a vida da mãe e do bebê.
O caso aconteceu na manhã de terça-feira (22), em Araçatuba, quando Liliane, grávida de 35 semanas e seis dias, teve um sangramento e fortes dores no baixo ventre, seguidas do rompimento da bolsa. Sem condições de descer as escadas do prédio onde mora no quarto andar, a saída foi pedir socorro.
Eram 9h57 quando o médico do Samu Carlos Mori recebeu a ligação da mãe e saiu em disparada rumo ao apartamento da gestante, no bairro Aviação, com uma Unidade de Suporte Avançado (USA). Em menos de um minuto, a equipe chegou ao local e se deparou com a grávida já em trabalho de parto, deitada em sua cama. Ao fazer o exame de toque e constatar dilatação total, o médico decidiu fazer o parto no local, devido à dificuldade de locomoção no prédio cheio de escadas e sem elevador.
A situação, porém, se agravou, porque a mãe teve uma convulsão e estava com um pico hipertensivo (pressão alta), o que sinalizava uma crise de eclampsia, doença grave que acomete gestantes e pode levar à morte. Devido à crise, a mãe não conseguiu auxiliar no trabalho de parto, que segundo o médico, foi bem complicado.
“Estava diante de uma gestante grave e, provavelmente, de um bebê que poderia apresentar uma gravidade”, contou. Em razão disso, solicitou apoio de outra viatura e a mais próxima era uma unidade de resgate do Corpo de Bombeiros. Enquanto continuava com todos os cuidados do parto, com manobras para a expulsão do bebê, o médico notou que o cordão umbilical estava envolto no pescoço da criança.
Com a maior agilidade, Mori conseguiu realizar o parto natural, mas quando o bebê nasceu, estava em parada cardiorrespiratória. “Realizamos procedimentos de ressuscitação, massagem, reanimação, manobras de desengasgamento, já pensando numa aspiração de mecônio (as primeiras fezes do bebê)”, contou Mori.
Após as intervenções, houve o retorno da circulação espontânea, o bebê voltou e foi levado à UTI Neonatal da Santa Casa de Araçatuba. Na sequência, a mãe também foi deslocada até o hospital, por uma outra equipe do Samu que foi acionada para dar suporte no atendimento.
A mamãe Liliane teve alta hospitalar na quinta-feira (24) e passa bem. O pequeno Gabriel Henrique, que nasceu com 44,5 centímetros e 2.260 kg, permanece internado na UTI Neonatal, mas já sem soro e medicações, e aceitou bem o leite materno no copo. A mãe pôde conhecer o filho na quinta-feira, e nesta sexta (25) o amamentou pela primeira vez.
“Foi muita emoção. Ele pegou bem o peito e amanhã (se referindo a este sábado) vou ao hospital de novo para amamentá-lo. Segundo os médicos, ele deve ter alta na semana que vem”, contou Liliane, que é pura gratidão à equipe do Samu. “Não sei o que seria de nós se não fossem eles”, disse, emocionada.
O pai de Gabriel, o pedreiro João Vitor Ferreira Soterio, também se emociona ao relembrar o que aconteceu. “Meu filho nasceu sem respirar e eles salvaram a vida dele e a da minha esposa. Estou muito feliz e pretendo conhecer o pessoal do Samu”, disse. O médico Carlos Mori conta que ele e os profissionais que prestaram todos os cuidados viveram momentos de angústia durante o atendimento.
“Em um parto, espera-se que tudo ocorra normalmente, mas, neste caso, aconteceu tudo de uma vez”, disse. “Ficamos muito emocionados, eu e as três equipes que ajudaram nos procedimentos. Foi o momento mais marcante da minha carreira médica”, completou.