Se o reajuste de 16,67% no salário mínimo em 2006 já fez milhões de brasileiros sonharem com mesa um pouco mais farta nas festas de fim de ano, o que seria possível fazer se o aumento de vencimentos e benefícios chegasse a 91%, como aprovou a mesa diretora da Câmara nesta quinta-feira, em Brasília, elevando os salários dos parlamentares para R$ 24,6 mil?
Segundo estimativa do presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio de Janeiro, José de Sousa, para ter ceias razoáveis no fim do ano, uma família de quatro pessoas deve gastar, em média, R$ 200. Com isso, é possível estimar que, com o novo salário aprovado para deputado ou senador, seria possível alimentar 123 famílias brasileiras neste fim de ano.
Caso o trabalhador quisesse experimentar um bacalhau de melhor qualidade, conhecido como “do Porto”, pagaria no quilo de R$ 29,80 a R$ 36,80. Com isso, poderia comprar 825 quilos de um dos mais tradicionais produtos de Natal. Se optasse pelo mais caro, colocaria nos carrinhos 668 quilos, com a sensação de estar provando um importado.
Outro produto típico nas mesas brasileiras no fim de ano é o peru, que custa, em média, R$ 8,50 (o quilo). Considerando uma ave de quatro quilos (R$ 34), ideal para famílias de porte médio, é possível prever que um salário de R$ 24.600 daria para abastecer 723 lares.
Tomando por base um panetone de R$ 12 – custo médio – a fartura também seria grande. Com um vencimento de parlamentar, seria possível adquirir 2.050 unidades.
Com o orçamento maior, daria até para substituir a cidra por um espumante de melhor qualidade, em torno de R$ 35, o que poderia animar o brinde de nada menos que 702 famílias. Se o consumidor resolvesse experimentar uísque 12 anos (Grants), pagaria R$ 68,90. O novo salário de um parlamentar poderia resultar na compra de 357 garrafas. Talvez fosse mais difícil providenciar tantas pedrinhas de gelo.
