Após um ano e nove meses, a primeira campeã mundial profissional do boxe feminino brasileiro está de volta. Nesta sexta-feira (4), Rose Volante participa da 10ª edição do Boxing For You, evento de pugilismo na Arena de Lutas, em São Paulo, que começa às 21h30 (horário de Brasília). A paulista de 38 anos enfrenta a baiana Halanna dos Santos, de 30 anos, pela categoria das super-leves (até 63,5 quilos).
As lutas não terão presença de público, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas poderão ser acompanhadas pelo Facebook e o canal oficial do evento no YouTube.
“Vou lutar em uma categoria acima da minha, mas estou preparada, motivada para esse recomeço. A Halanna é uma adversária dura, tem 21 lutas no boxe profissional, é experiente. Será uma luta muito boa para meu retorno”, afirma Rose, que compete normalmente na categoria das leves (61,2 quilos) e tem um cartel de 15 combates e 14 vitórias.
A última vez de Rose no ringue foi em março do ano passado, quando perdeu da irlandesa Katie Taylor, na terceira vez que a brasileira defendeu o cinturão de campeã da Organização Mundial de Boxe (WBO, sigla em inglês). A adversária, que já tinha os títulos da Associação Mundial de Boxe (WBA, sigla em inglês) e da Federação Internacional de Boxe (IBF), acabou unificando os três cinturões.
“Nada apaga o que já fiz pelo boxe e o esporte, sendo a primeira campeã mundial. A Katie não é qualquer pessoa. Perdi realmente da melhor. Dei o melhor que eu tinha. Após a luta, fiquei um tempo parada, pois tive que fazer uma cirurgia no nariz, por causa do choque de cabeça [no combate com a irlandesa, involuntário, mas que acabou encerrando a luta]. Fui para a Argentina, onde treinei por quatro meses. Eu lutaria na Argentina, mas houve um problema nos eventos. Depois, lutaria em dezembro [de 2019], mas a adversária veio em uma categoria abaixo, não conseguiram casar as lutas. E teve a pandemia”, conta a paulista, cujo apelido é Queen, que significa rainha, em inglês.
“Estou muito feliz de voltar a lutar e fazer o que amo. Estou de bem comigo, com Deus e com os treinos, em um bom. Será a primeira vez lutando sem presença de público, mas fico satisfeita retornar e ver que o boxe não parou”, completa Rose, que se prepara com a equipe de pugilismo Memorial, em Santos (SP).
Otimismo
Rose entrou para a história do esporte nacional em dezembro de 2017, quando derrotou a argentina Brenda Carvajal e entrou para o seleto grupo de brasileiros campeões mundiais de boxe profissional, que também reúne Eder Jofre, Miguel de Oliveira, Acelino “Popó” Freitas, Valdemir “Sertão” Pereira e Patrick Teixeira.
“Realmente, tenho o reconhecimento da minha equipe e de Santos, onde moro. Por fora disso, às vezes, as pessoas falam mais da luta contra a Katie do que de quando ganhei da Brenda. Nosso esporte, por mais que tenha muitos campeões, às vezes, a gente percebe que não é tão divulgado ou tem o reconhecimento que merecia. Mas creio que as coisas estão mudando e a melhora é gradativa”, avalia Rose.
A pugilista também é otimista quanto ao futuro da modalidade no feminino. Em especial, a respeito de Beatriz Ferreira. A baiana de 27 anos é a atual campeã mundial de boxe amador – nível olímpico – na categoria das leves (até 60 quilos) e uma das maiores esperanças de medalha de ouro para o Brasil na Olimpíada de Tóquio (Japão), adiada para o ano que vem.
“O boxe feminino tem muito potencial. Tivemos a Adriana Araújo [primeira medalhista olímpica do boxe feminino do país]; a Roseli Feitosa, primeira brasileira campeã mundial [amador]; a Erica Matos, que é esposa do Robson Conceição [pugilista campeão olímpico] e foi campeã pan-americana. Temos muito material humano. A tendência é crescer. A seleção feminina de boxe olímpico é muito forte. A Bia tem total condição de ser campeã mundial novamente e medalhista olímpica. Está muito bem, creio que ela pode ganhar esse ouro”, conclui Rose.
Noite de boxe
Além de Rose e Halanna, o 10º Boxing For You terá outras três lutas, sendo duas valendo o cinturão do Conselho Nacional de Boxe (CNB). As paulistas Danila Ramos e Simone Silva duelam pelo título da categoria pena (até 57 quilos). Já o sul-mato-grossense Luís Cláudio Cardoso da Silva e o paulista Eduardo “Pará” Costa se encaram pelo posto de melhor pugilista entre os super-penas (até 58,9 quilos). O combate entre o carioca Carlos Henrique “Pitbull” e o mato-grossense Nathann Ramatis, ambos peso pena (até 57,2 quilos), abre o evento.