Estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) coloca a rodovia Euclides da Cunha, trecho entre Rubineia e Mirassol, em segundo lugar no País na lista de melhores pistas de gestão pública, atrás apenas da BR-101, trecho de Mataraca a Caaporã, na Paraíba, de jurisdição federal. Se o critério for rodovias administradas pelo governo paulista, a Euclides é a melhor colocada.
Na classificação geral, que ranqueia 510 rodovias administradas tanto pelo poder público quanto pela iniciativa privada, a Euclides aparece na 13ª posição. A melhor rodovia do País, segundo a pesquisa, também está no estado de São Paulo. Trata-se da Cândido Portinari, administrada pela concessionária ViaPaulista, que liga os municípios de Cristais Paulista a Ribeirão Preto.
Realizada desde 2019, a Pesquisa CNT de Rodovias tem como objetivo fornecer informações a transportadores sobre a qualidade do pavimento, sinalização e geometria das rodovias brasileiras. Os indicadores têm impacto direto nos custos de frete, desempenho e segurança dos motoristas.
Segundo a CNT, em 2022 os dados foram coletados por 22 equipes de pesquisa, que, saindo de 14 capitais, avaliaram mais de 110 mil quilômetros em 30 dias.
“Os dados utilizados na pesquisa são obtidos de três modos, que englobam: a análise visual pelo pesquisador em campo, captura de imagens em vídeo e mapeamento prévio em escritório”, consta na metologia de pesquisa.
Na região de Rio Preto, apenas a rodovia Euclides da Cunha foi considerada ótima na classificação geral, que oferece cinco categorias de avaliação: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.
Depois dela, a Péricles Bellini é a melhor colocada, na 24ª posição, seguida da Washington Luís em 26º. A rodovia Feliciano Sales Cunha aparece no 29º lugar, a Comendador Pedro Monteleone em 66º e a BR-153 em 121º. As cinco foram consideradas “boas” pelos avaliadores.
A pior avaliação entre as rodovias da região é da Assis Chateaubriand, trecho entre Barretos e Parapuã, que ficou na 238ª posição e classificada como regular.
Gerente da Trans Real, José Luís Appoloni Neto diz que o plano de logística prioriza as condições da rodovia mais do que a distância a ser percorrida.
“Asfalto bom e pista dupla otimizam o trabalho. Muitas vezes compensa gastar um pouco mais de combustível para economizar na manutenção e até para a própria segurança do motorista, que fica menos suscetível a acidentes. Determinada rota pode oferecer caminho mais curto, mas com asfalto irregular que pode danificar pneus, ocasionar problemas mecânicos e até tornar o trajeto mais demorado porque o condutor precisa trafegar em velocidade reduzida”, afirma.
Condições geram prejuízos
A nível nacional, a Pesquisa CNT de Rodovias aponta que as condições das rodovias impactam os custos operacionais, elevando os gastos em 33%, o que representa quase R$ 5 bilhões em prejuízos financeiros. No estado de São Paulo, os gastos adicionais giram em torno de 15%. Desvios de rota ou mesmo baixa velocidade em razão de buracos ou trechos em aclives provocam desperdício de 53 milhões de litros de diesel. As rodovias danificadas também geram impacto no meio ambiente. Os caminhões emitem 140 milhões de quilos de dióxido de carbono. O prejuízo estimado dos transportadores é de R$ 246 milhões.
Entre os itens avaliados estão superfície do pavimento, presença e visibilidade das faixas de sinalização terrestre, placas de sinalização, pista dupla, faixa adicional, presença de acostamento, proteção de cabeceira e viadutos, além das características do trajeto (subidas, descidas, curvas acentuadas).
A Trans Real tem filiais nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre. Appoloni Neto considera que São Paulo, apesar de algumas deficiências, ainda tem a melhor malha rodoviária. “A maior vantagem, principalmente na região de Rio Preto, são as rotas alternativas. Se o transportador precisa economizar com pedágio, ele consegue acessar outra rodovia com asfalto razoável”, completa. (JT)
Empresas dizem investir
Responsável pela administração pública das rodovias Euclides da Cunha, Péricles Bellini, Feliciano Sales Cunha, Comendador Pedro Monteleone e Assis Chateaubriand, agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que o Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo prevê mais de R$ 900 milhões de investimentos na SP-310. “Entre esses investimentos está a implantação da terceira faixa de rolamento da rodovia, do km 425 ao km 454+300, com investimento superior a R$ 600 milhões, beneficiando diretamente os municípios de Cedral, São José do Rio Preto e Mirassol”.
Além disso, foi concluído recentemente o leilão do Lote Noroeste, que foi vencido pelo Grupo Ecorodovias, e cuja homologação ocorreu no início deste mês. A concessão contempla as rodovias Washington Luís e Comendador Pedro Monteleone. A nova concessão terá prazo de 30 anos e prevê investimentos de R$ 13,9 bilhões, sendo R$ 10 bilhões para obras e R$ 3,9 bilhões para operação.
A concessionária AB Triângulo do Sol, que administra a rodovia Washington Luís, respondeu que dentre as obras realizadas na rodovia está “o trevo do km 444, obra de suma importância para o desenvolvimento socioeconômico do município, beneficiando diretamente milhares de habitantes da zona norte rio-pretense”. A empresa também investiu em obras de engenharia que aumentaram a capacidade de tráfego, instalação de câmeras de monitoramento e telefones de emergência.
A concessionária Triunfo Transbrasiliana, responsável pela BR, não respondeu à reportagem. (JT)