Pouco depois de anunciar a suspensão do contrato com o Santos, nesta sexta-feira, Robinho se manifestou sobre a sentença de condenação a ele e um amigo em primeira instância a nove anos de prisão por violência sexual de grupo contra uma jovem de origem albanesa.
Em entrevista ao UOL, Robinho negou ter tido relação sexual com a jovem, mas que teve o consentimento dela até o momento em que ele teria deixado a cena. Também afirmou que não se lembra de tudo o que aconteceu na madrugada de 22 de janeiro de 2013 e criticou o que chama de “falta de contexto” em trechos da sentença mostrados em reportagem do ge.
– Não tive relação sexual com ela, não. A gente teve relação entre homem e mulher, relações que homem tem com a mulher, mas não chegou a ter nenhuma relação sexual, nenhuma penetração, nada disso – contou o jogador.
– Quando eu saí, os garotos continuaram lá com consentimento dela. Então, assim: eu estou me defendendo. Os garotos, se fizeram alguma coisa com ela, não posso falar por eles. Eu sei o que eu fiz com ela e com consentimento dela, entendeu? Então, foi isso que aconteceu – completou.
Robinho detalhou a relação que teve com a jovem:
– Uma garota se aproximou de mim, a gente começou a ter contato com consentimento dela e meu também. Ficamos ali poucos minutos. A gente se tocou. Depois fui embora para casa.
– Quando ela se aproximou de mim, ela não estava embriagada, até porque ela lembra do meu nome, lembra quem sou eu. A pessoa que bebe não lembra de nada. Ela lembra. O fato dela ter saído depois para outra discoteca com os garotos, isso mostra que ela não foi abusada. A pessoa que recebe um abuso, nunca recebi e ninguém da minha família, graças a Deus, que é algo muito sério, ela jamais sairia dali para ir para outro lugar com esses mesmos garotos.
Em conversa de janeiro de 2014 gravada com autorização da Justiça italiana, Robinho afirmou a Jairo Chagas, músico brasileiro que tocou na boate na noite do ocorrido, que “tentou transar” com a jovem albanesa. Ao ser contestado sobre ter praticado sexo oral, Robinho rebateu: “Isso não significa transar”.
Assim como a defesa do jogador já havia feito ao longo da sexta-feira, Robinho também contestou a tradução dos trechos da sentença, que incluem troca de mensagens entre o atacante e amigos após o dia do caso:
– Eles traduziram muita coisa fora de contexto. Na verdade, isso faz muito tempo. Em conversas de WhatsApp, a gente fala, mas nunca com falta de respeito, por desrespeitar as mulheres. Eles falaram que homens conversam entre si, que teve relação sexual com a mulher, com consentimento dela, porque ela quis, exatamente isso.
– Tem coisas que eu nem lembro. Eu tenho certeza que jamais dei um copo de bebida pra ela. Não posso responder pelos meus amigos…
Em outro trecho da entrevista, Robinho criticou o movimento feminista:
– Infelizmente, existe esse movimento feminista. Muitas mulheres às vezes não são nem mulheres, para falar o português claro. E se levantam contra porque coisas que homens…
– Acabei de responder agora. Eu não sou bonito, sou casado com a minha esposa, mas se eu sair na rua, e a mulher falar: “Oi, lindo, gostoso” tem uma conotação. Se eu mexer com você com falta de respeito é totalmente diferente.
Robinho também contou qual considera ter sido seu erro no caso:
– A questão é: qual foi o erro que eu cometi? Qual foi o crime que eu cometi? O erro foi não ter sido fiel a minha esposa, não cometi nenhum erro de estuprar alguém, de abusar de alguma garota ou sair com ela sem o consentimento dela.
A decisão do Tribunal de Milão, de novembro de 2017, ainda não é definitiva e foi contestada pelas defesas do jogador do Santos e de Ricardo Falco, o outro acusado brasileiro no crime. Os advogados dos dois apresentaram recurso.
A Corte de Apelo de Milão vai iniciar a análise do processo, em segunda instância, no dia 10 de dezembro.
O caso
O fato aconteceu numa boate de Milão chamada Sio Café na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. Além de Robinho e Falco, outros quatro brasileiros teriam participado do ato classificado pela Procuradoria de Milão como violência sexual. Como esses quatro deixaram a Itália no decorrer da investigação, eles estão sendo processados num procedimento à parte, disse ao ge o advogado Jacopo Gnocchi, que representa a vítima.
Robinho e Falco foram condenados com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala da participação de duas ou mais pessoas reunidas para ato de violência sexual – forçando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.
Ao ser interrogado, em abril de 2014, Robinho negou a acusação. Ele admitiu que manteve relação sexual com a vítima – mas disse que foi uma relação consensual de sexo oral – e sem outros envolvidos. No caso de Ricardo Falco, a perícia realizada por determinação da Justiça identificou a presença de seu sêmen nas roupas da jovem.