sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Rio-pretense participa de estudo que apontou riscos da cloroquina

Um estudo realizado com mais de 70 pesquisadores e colaboradores da Fundação de Medicina Tropical, Universidade do Estado do Amazonas, Fiocruz e Universidade de São Paulo (USP) concluiu que a…

Um estudo realizado com mais de 70 pesquisadores e colaboradores da Fundação de Medicina Tropical, Universidade do Estado do Amazonas, Fiocruz e Universidade de São Paulo (USP) concluiu que a cloroquina, em dosagens altas, oferece risco de morte ao paciente.

O resultado da pesquisa foi repassado nesta sexta-feira (17) pelo virologista e professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), Maurício Lacerda Nogueira, durante a primeira live do “Diário da Peste – a primeira série de lives periódicas e exclusivas do Instituto Questão de Ciência.

Nogueira é um dos autores do estudo CloroCovid-19, aprovado pela Comissão Nacional Ética em Pesquisa (Conep) no dia 23 de março. O trabalho teve o objetivo de verificar a segurança dos pacientes durante o uso do medicamento, além de verificar se há ação benéfica e eficácia.

O estudo

Ao todo, 81 pacientes graves com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com suspeita e confirmação de Covid-19, divididos em dois grupos (que receberam doses altas e baixas de cloroquina), participaram da pesquisa.

De acordo com informações obtidas no relatório do estudo, os pacientes que receberam doses baixas de cloroquina, inicialmente utilizada nos Estados Unidos (EUA) – sendo 450 miligramas duas vezes ao dia, no primeiro dia de tratamento, e 450 miligramas uma vez ao dia, por mais quatro dias, totalizando cinco dias de tratamento, não tiveram evolução. Ou seja, o medicamento foi ineficaz.

No entanto, os pacientes que receberam alta dosagem, utilizado na China – sendo 600 miligramas duas vezes ao dia, por seis dias de tratamento, apresentaram tendência de morte (com riscos de arritmias graves). Após a constatação, o estudo foi interrompido imediatamente.

“A cloroquina foi sugerida pelos chineses em certa dosagem. Nós usamos essa dosagem na população brasileira em um estudo pequeno, para testar sua segurança. Foi uma contribuição científica específica que concluiu que nesta dose (o medicamento) não é seguro”, afirmou Nogueira durante a live.

A pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, que conduziu a conversa, ressaltou o trabalho que a Ciência vem desenvolvendo no combate ao novo coronavírus.

“O Brasil deu uma ótima contribuição de primeiro estudo clínico, bem feito, mostrando que a alta dose da cloroquina é perigosa e a baixa dose é ineficaz. A ciência precisa ser transparente”, disse.

“Torcida antirremédio”

Os pesquisadores envolvidos diretamente com a pesquisa em Manaus foram alvo de grupos bolsonaristas e sofreram ameaças de morte pelas redes sociais. A polícia do Amazonas investiga o caso.

“Não existe uma torcida antirremédio. Nós temos que trabalhar com evidências científicas, é assim que a Ciência trabalha. Algumas manchetes criam uma falsa esperança e tiram o foco do isolamento, que é importante. É angustiante explicar isso à população”, afirma Nogueira.

Além do Brasil, outros países também realizaram estudos com o uso da cloroquina. Hospitais na França, em Michigan (EUA) e na Suécia também interromperam o tratamento com o medicamento por apresentar riscos cardíacos.

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