Rihanna agora é parte oficialmente do restrito círculo da moda francesa.
A cantora abriu nesta sexta-feira (24) em Paris a primeira loja da Fenty, a marca de luxo que criou com o grupo LVMH – que detém Dior, Louis Vuitton e Givenchy, por exemplo -, em um ponto de venda provisório onde mostra um pouquinho do que está por vir.
Em questão de dois anos, a cantora de Barbados e Bernard Arnault, proprietário do grupo e dono da maior fortuna da França, deram forma à empresa cuja operação será diferente de todas as outras marcas do grupo.
A Fenty apresentará coleções de apenas um mês de duração, com renovações contínuas, sem promoções e vendidas exclusivamente através do site ou, de vez em quando, em lojas temporárias. Também não haverá desfiles nos calendários oficiais de Paris ou Nova York, uma vez que será regida pelo princípio favorito de muitos jovens: desejo, logo compro.
Rihanna esteve esta semana no coquetel de inauguração da loja em Paris e apresentou as linhas de uma marca que poderia ser resumida a “tudo o que ela mesma usaria”, em uma faixa de preços de 200 euros (cerca de R$ 800) – uma camiseta – a 1.300 euros (R$ 5.600) – uma parka reversível, a peça mais cara desta primeira coleção.
Uma silhueta feminina, poderosa e extravagante, mas suficientemente clássica para driblar fronteiras de um público variado, com a alfaiataria como centro e da qual saem peças de cintura marcada e ligeiramente espartilhadas, ombros exagerados, sandálias finas e bijuteria grandes.
“Sinto mais pressão pelo lançamento da minha marca que do que por qualquer álbum. É a primeira vez que desenvolvi um projeto no segmento do luxo e não queria decepcionar quem confia em mim”, explicou a cantora em entrevista ao jornal Le Figaro.
Como Lady Gaga e Beyoncé, Rihanna, que tem 31 anos, aproveitou o sucesso musical para atuar como porta-voz de novos estilistas e marcas consolidadas, que viram nela a oportunidade de mostrar estilos mais arriscados.
A cantora mostrou nos últimos anos um interesse especial pela costura, por exemplo, se aproximando do estilista tunisiano Azzedine Alaïa, cujos jantares e festas fechadas em Paris ela frequentava, e há três anos as viagens pelo mundo têxtil começaram a ficar frequentes.
Em 2016, Rhianna apresentou na Semana da Moda de Nova York uma primeira parceria com a marca esportiva Puma – propriedade do grupo de luxo Kering e principal concorrente da LVMH.
Em 2017, apareceu a Fenty Beauty, uma marca de beleza criada com a incubadora da LVMH em São Francisco, a Kendo. Com ela, surgiu uma inédita linha de maquiagem com 40 tons de pele – atualmente são 49 – para se adaptar a todas as pessoas.
Em um ano, o faturamento foi de 500 milhões de euros (cerca de R$ 2 bilhões). Essa foi razão mais do que suficiente para encorajar Arnault a apostar com mais força nos dotes criativos da cantora.
As primeiras imagens das roupas mostram um estilo versátil e nem um pouco estático. “Trato a inclusão de forma diferente. Na moda, isso se traduz no estilo próprio. Digo frequentemente que sou a minha própria musa e que quero usar o que criamos. Partimos do meu próprio armário”, destacou.
Rihanna será a diretora artística da marca, mas as coleções serão criadas por um grupo de “jovens talentos experientes”, de acordo com a diretora-geral da marca, Veronique Gebel. Apesar de tudo, a cantora insiste que a vontade de batizar a marca sem recorrer ao seu nome artístico é um desejo de não vinculá-la à vida de uma celebridade.
Além disso, a Fenty é a primeira marca de luxo do circuito parisiense dirigida por uma mulher negra e a primeira criada pela LVMH desde Christian Lacroix, fundada em 1987. Em geral, acontecem mais ressurreições e aquisições de marcas. Por isso, foi preciso Rihanna aparecer para que o gigante do luxo se atrevesse a lançar de zero um negócio. E o risco de fracasso, para eles, parece mínimo.