Mais de 1,4 mil compartilhamentos, 313 comentários, 913 curtidas no Facebook, além de estar presente em centenas de grupos de WhatsApp espalhados por toda cidade. Esse foi o resultado de um vídeo, com pouco mais de 14 minutos, gravado pelo empresário votuporanguense Rudy Souza, revoltado com o fechamento dos estabelecimentos comerciais na cidade, desde o dia 22 de março, em razão do coronavírus.
Aos 33 anos, o empresário, que possui duas lojas de roupas (Rudy&Dany), uma fábrica de confecções (Alto Calibre Brasil) e dois restaurantes (Grill Mais Petiscaria e Bruttus Espetaria) na cidade, era responsável, ao lado da esposa, pela renda de mais de 30 famílias. O verbo “era”, aliás, passou a ser utilizado justamente durante o período de quarentena.
“Eu como empresário estou indignado e muito. Alguns vão falar que é porque estou fechado e deixei de ganhar dinheiro, mas não é. Eu tenho dinheiro para me manter por todo esse tempo, graças a Deus tenho a minha reserva, mas e as 30 famílias que dependem do nosso trabalho? Eles não têm esse dinheiro, não têm essa condição financeira”, disse o empresário.
A revolta não é por acaso. Sem poder abrir seus estabelecimentos, Rudy e sua esposa Dany se viram obrigados a fazer o que a maioria dos empresários estão fazendo: demitir. Eles optaram por todas as medidas possíveis, como a suspensão de contrato e férias para manter os empregos, mas em alguns casos não foi possível.
“São pessoas boas, honestas e trabalhadoras que realmente dependiam do trabalho para viver. Fizemos o possível e o impossível. Suspendemos os contratos de alguns e só Deus sabe quando eles vão conseguir receber do governo, mas infelizmente outros não tivemos saída a não ser demitir. Para mim dói o coração, mas não tenho condições de manter eles parados. É muito bonito o discurso de ‘fique em casa’, mas não estão passando o que estamos passando e nem vendo as pessoas passando dificuldades por causa disso”, completou ele em entrevista ao jornal A Cidade.
Novo decreto
O vídeo foi gravado após a edição do novo decreto do prefeito João Dado. A expectativa era de que ele permitisse a abertura dos estabelecimentos pelo menos para o sistema drive thru, como foi feito em outras cidades da região, mas ele só permitiu a abertura de uma porta para o recebimento de contas.
“Estava vendo as modificações no decreto e o prefeito João Dado privilegia algumas classes e as outras não. Senhor prefeito, queria lhe perguntar o porquê desse desmerecimento com os pequenos empresários? Porque nós não podemos levar o leite para os nossos filhos? Agora o senhor abre a loja de carro, pois se o cliente quiser comprar um carro na quarentena ele pode, agora os microempresários votuporanguenses não valem nada para o senhor. Seja coerente e abra todo o comércio obrigando a cumprir as medidas de segurança”, completou ele no vídeo.
Coronavírus
O empresário ainda disse que a doença está senso superdimensionada e inflada por noticiários falsos e direcionados que colocaram a população e até o setor de saúde em pânico.
“Fui um dos primeiros a ser diagnosticado como suspeito de coronavírus na cidade. Eu tinha viajado para São Paulo e quando cheguei procurei uma unidade de saúde, pois estava passando mal. Automaticamente já me isolaram, chegou um médico a cinco metros de distância, morrendo de medo de mim, para perguntar o que eu tinha, pois hoje tudo é coronavírus, se você está com o dedo quebrado é coronavírus, eu estava causando pânico no hospital. Aí colheram meu exame e me mandaram para casa classificado como coronavírus. Fiquei uma semana em casa, sem poder sair, sozinho, pois minha família não poderia ir lá me ver e depois fui descobrir que eu estava é com dengue hemorrágica”, contou.
Ainda de acordo com ele, essa semana é que a Secretaria de Saúde lhe procurou para dizer que seu exame deu negativo para o novo vírus.
“A dengue mata muito mais que esse coronavírus. Pelo amor de Deus, gente, é uma epidemia, uma doença, mas é preciso ter consciência, nem tudo é coronavírus. Estamos proibidos de ter uma vida saudável, de pôr comida em casa, você vai ter que depender do governo para sobreviver? Quem vai pagar suas contas? O aluguel? Você acha que o prefeito vai pagar isso aí? Não quero criticar ninguém, mas deixa o povo trabalhar, coloca as regras que que tem que ser impostas, não tem problema, mas para de ser hipócrita, pois você passa na frente dos bancos estão lotados, as lotéricas lotadas”, concluiu.