sábado, 26 de outubro de 2024
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Réu cumprirá pena em liberdade

Aislan Alves Gameleira Nunes, 20, foi condenado pelo Conselho de Sentença, na tarde de ontem, a cumprir cinco anos de prisão em regime semi-aberto, por ter matado Cosme Gilmar Laurentino…

Aislan Alves Gameleira Nunes, 20, foi condenado pelo Conselho de Sentença, na tarde de ontem, a cumprir cinco anos de prisão em regime semi-aberto, por ter matado Cosme Gilmar Laurentino de Lima, em um sítio em Álvares Florence, em março de 2007. Ele responderá também pelo crime de ocultação de cadáver. Para isso, deverá cumprir, em regime semi-aberto, mais um ano. Os advogados Gesus Grecco, Douglas Teodoro Fontes e Luis Carlos de Oliveira foram responsáveis pela defesa do réu. Um dos trunfos apresentados pelos advogados foi o depoimento da mãe da namorada do jovem, que além de convencer os jurados, demonstrou apoio a Aislan. A defesa irá recorrer ao processo.
O julgamento ocorreu no Fórum de Votuporanga e acabou às 19h. A acusação foi feita pelo promotor Cleber Takashi Murakawa. Desde o crime, Aislan está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto. O Conselho de Sentença foi formado por Fabíola Loanda do Nascimento, Elisabete Silva Gardini, Flávia Andréa Romano, Laudivino Alves Botelho, Alessandra Cavalotti Rossato, Isac Ferreira da Silva e Eliane Beloni Murasse Davanço. Dos 21 jurados sorteados, apenas 17 compareceram; os demais justificaram a ausência.
Durante o interrogatório feito pelo juiz Jorge Canil, Aislan explicou que conheceu a vítima quando ela chegou de Americana com Tatiane Lopes Garcia, e os pais da jovem, a dona de casa Neusa Lopes Garcia e o agricultor Edmilson Soares Garcia. Na época, a garota namorava Cosme. Ele relatou ao juiz que Tatiana rompeu com a vítima e após conhecê-lo na escola, começaram a namorar. Como a mãe de Aislan não permitia o romance, o jovem decidiu ir morar na residência de Tatiane, junto de Cosme. Ele falou que dormia na sala; a garota com os pais e a vítima no quarto que era da jovem.
Ameaças
Aislan disse que Cosme não aceitava o atual relacionamento de Tatiane e passou a ameaçá-lo, tanto na residência, como diariamente, já que os dois envolvidos trabalhavam com o pai da jovem. Durante o trabalho no sítio Santa Cecília, propriedade de Álvares Florence, Cosme teria ofendido Aislan várias vezes, o chamando de “caipira”. Para evitar aborrecimentos, as intenções, segundo Aislan, era casar com Tatiane e irem embora da residência.
No entanto, como Cosme não demonstrava que iria sair da casa da família de Tatiane, a pedido da mãe da jovem, Aislan foi embora da residência, para que as brigas terminassem. Ele retornou para a residência da mãe. Aislan disse que continuou recebendo ameaças da vítima. Ele relatou que durante o trabalho, Cosme o provocava, dizendo que continuava com Tatiane.
Crime
No dia 19 de março de 2007, por volta das 14h, Aislan falou que carpia eucaliptos, junto do pai de Tatiane e da vítima. Por ordem do patrão, Cosme acompanhou o sogro para engatar um implemento agrícola destinado a outra área. Após realizar a tarefa, Cosme retornou ao local em que Aislan estava trabalhando.
Segundo Aislan, Cosme teria iniciado uma discussão e o ameaçado com uma enxada. Para se defender, Aislan teria desferido sete golpes de faca no tórax da vítima. Em seguida, ao notar que a vítima estava morta, Aislan arrastou o corpo de Cosme para debaixo de uma árvore, com o intuito de não deixar a vítima exposta ao sol. Esta ação foi apresentada pelo Ministério Público como ocultação de cadáver, crime que Aislan também fora acusado.
Em seguida, Aislan foi até a casa de Tatiane, onde falou com a mãe da jovem sobre o caso. Com a chegada dos policiais, ele foi preso em flagrante, sendo levado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto. O juiz Jorge Canil também apresentou a Aislan que um jovem de Álvares Florence movia na Justiça um processo por ameaça. Segundo o documento, Aislan teria ameaçado a vítima porque se aproximou de Tatiane. Aislan disse desconhecer o fato.
A mãe de Tatiane, a dona de casa Neusa Lopes, testemunhou em defesa de Aislan. Ela disse que o jovem sempre foi calmo e não respondia às ameaças de Cosme. Neusa demonstrou que era a favor do relacionamento de sua filha com Aislan. Ela disse que somente aceitou que Cosme fosse morar com a família em Boa Vista, porque ele desejava um novo trabalho. A dona de casa descreveu a vítima como sendo uma pessoa ciumenta e agressiva. “O Cosme queria que minha filha não estudasse, além de ser muito possessivo”, contou.
Neusa citou que após a separação, a vítima iniciou um namoro com uma jovem do distrito, a fim de provocar sua filha. No entanto, como Tatiane não deu importância ao fato, as ameaças continuaram. Ela falou também que Cosme teria tentado agarrar Tatiane, e que precisou intervir para que ele soltasse a garota.
A dona de casa citou que certa vez ouviu Cosme falando no telefone que precisava de dinheiro para “acabar” com algo e em seguida fugiria com Tatiane. “Eu pedi para que o meu marido fosse ver o que o Cosme faria. Os amigos do Aislan também saíram, mas naquele dia não aconteceu nada”, contou. Neusa disse que Tatiane continuava sendo fiel a Aislan. “Ela ainda usa a aliança de compromisso que ganhou, além de escrever cartas para ele”, destacou.
Os advogados Gesus Grecco, Douglas Teodoro Fontes e Luis Carlos de Oliveira pediram que Aislan passasse por testes psicológicos, para que fosse constatado se o jovem possuía distúrbios. O juiz Jorge Canil apresentou o laudo para os jurados, que constatou que Aislan tem sanidade mental. O jovem complementou que constantemente sofria de enxaquecas e que tomava medicamentos.
Além de demonstrar que continua apaixonado por Tatiane, Aislan revelou que mantém pela mãe da jovem um amor materno. Em seu braço direito, ele tatuou o nome da namorada; no esquerdo “Neusa, minha mãe, minha vida”. As tatuagens foram feitas após o crime. (Colaborou Karolline Bianconi)

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