O IBGE apresentou nesta quarta-feira (29) o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre do ano. Alguns setores surpreenderam positivamente.
Mas o resultado do Produto Interno Bruto – o PIB – ficou abaixo do que era projetado pelo mercado e pelo próprio governo.
O país comprou máquinas e equipamentos para produzir mais. Os investimentos voltaram a crescer forte e contribuíram para que a economia mantivesse o ritmo.
De janeiro a março, o PIB – soma dos produtos e serviços produzidos pelo país – avançou 0,6%. Igual ao último trimestre do ano passado.
O Brasil teve o mesmo crescimento que os Estados Unidos. Ficou acima da União Europeia e do México. E abaixo da China.
O setor de serviços teve um bom desempenho, com gastos em educação, saúde, telecomunicações e informática. Mas o aumento mais expressivo foi na agropecuária.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira teve um crescimento de 1,9% – o maior desde 2011.
O consumo das famílias continuou impulsionando a economia e, segundo o IBGE, ajudou a evitar um resultado negativo do PIB. Mas os consumidores pisaram no freio, as compras estão em um ritmo cada vez menor.
“Estamos gastando bem menos. Subiram muito o valor dos preços e o salário não sobe junto”, justifica um consumidor.
O consumo praticamente estagnou. Foi o mais baixo desde o terceiro trimestre de 2011.
“A inflação aumentou um pouco, então, também, isso corroeu um pouco os salários reais. E, além disso, o crédito que também vinha crescendo a taxas muito altas, agora também está crescendo em um ritmo mais baixo”, aponta a pesquisadora do IBGE, Rebeca de La Roque.
Os gastos do governo, que incluem as obras de infraestrutura, não cresceram. E a indústria encolheu, por conta, principalmente, da queda na produção de petróleo.
Um conjunto de fatores que deixou o PIB do primeiro trimestre abaixo das expectativas, que estavam em torno de 1%.
“Foi um resultado frustrante. O desafio é focar na competitividade da indústria, a indústria no total pesa 26% do PIB. É muito? Não é muito. Mas a indústria tem a capacidade de liderar: progresso técnico e efeito de encadeamento para o resto do setor produtivo. E a indústria tem perdido competitividade nos dois últimos anos”, explica Margarida Guiterrez, economista da Coppead-UFRJ.