Apresentado ontem pela polícia como o autor do trote do falso acidente, que na segunda-feira mobilizou policiais rodoviários e militares, Corpo de Bombeiros, concessionária de rodovia e até o helicóptero Águia, da PM, o carpinteiro rio-pretense Dorival Pereira da Silva, 44 anos, disse que estava bêbado. Após prestar depoimento, ele foi liberado.
Ao delegado André Balura, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), ele disse que estava embriagado no dia em que cometeu o falso alarme. A pena para a contravenção varia de 15 dias a 6 meses de prisão e multa. O carpinteiro alegou também que sofre de depressão há dois anos, quando perdeu a visão do olho direito em um acidente de trabalho. Silva afirmou estar arrependido.
“Eu havia bebido conhaque, pinga e cerveja. Juntou a bebida com a depressão”, disse Dorival ao Diário ontem à tarde, acrescentando: “O que eu fiz não tem explicação. Foi uma irresponsabilidade, pois poderiam estar salvando pessoas que realmente estavam precisando. Esse momento nunca mais vai se repetir”, disse.
“Se houvesse penas mais duras, esse tipo de atitude não seria cometida nem por ele e nem por outras pessoas”, comentou o delegado Balura, explicando que a Polícia Civil localizou o carpinteiro na casa dele, ontem à tarde, no Parque da Cidadania. Levado à delegacia, ele prestou depoimento e foi liberado.
Pela manhã, a Polícia Militar já o havia identificado no mesmo local. Segundo o major Luiz Roberto Vicente, comandante da Polícia Militar de Rio Preto, quando os policiais chegaram, o carpinteiro passou mal e foi levado pelo Resgate do Corpo de Bombeiros a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, onde foi atendido e liberado.
Ontem na delegacia, Dorival contou detalhes do trote da segunda-feira. Após se identificar como Paulo, pedindo socorro, dizia que o carro Volkswagen Santana, onde ele estava com a família, tinha caído em uma ribanceira da BR-153, entre os municípios de Nova Granada e Onda Verde. Devido ao chamado, as equipes de resgate fizeram uma varredura por todo o trajeto informado para localizar as vítimas do suposto acidente, em mais de 60 quilômetros, durante cerca de duas horas.
Foram gastos cerca de R$ 20 mil, na tentativa de resgate que contou com 35 homens, 12 viaturas sendo elas duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), quatro viaturas do Corpo de Bombeiros, quatro viaturas da Transbrasiliana, empresa responsável pelo trecho, uma da Polícia Ambiental e o helicóptero Águia da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Estado poderá acionar a Justiça para que Dorival pague os prejuízos financeiros aos cofres públicos.
Três casos
Em uma semana, ocorreram três trotes na região de Rio Preto, que mobilizaram diversas equipes da polícia, esse de Onda Verde, outro em Votuporanga e, por último, em Cedral. No outro caso, ocorrido anteontem em Cedral, a Polícia Militar informou ontem já saber quem é a mulher que tentou enganar o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom) dizendo que outra mulher havia atirado contra um rapaz, na área rural do município. O major Vicente informou que através do número de telefone foi possível chegar até a suspeita. “Estamos aguardando para localizar onde ela resite”, disse. Nesse caso foram mobilizadas equipes da Polícia Militar e Bombeiros.
O outro trote foi sábado passado, em Votuporanga, onde uma mulher informou à Polícia Rodoviária Estadual que um amigo dela havia caído de uma ribanceira da rodovia Péricles Belini (SP-461). Oito viaturas e 17 homens foram envolvidos. O homem foi localizado e detido na casa dele, em Cardoso, com base em informações dadas pela mulher e após a polícia constatar postagens dele no Facebook, no momento em que aguardava socorro.