Antônio A.F., 50 anos, conhecido por “Tonho”, e Gerson, de 56 anos, presos em dezembro do ano passado, são acusados – em relatório de 26 páginas – por homicídio duplamente qualificado pelo assassinato da senhora Conceição Aparecida Freitas dos Santos, 65 anos de idade.
“Tonho”, que é filho de dona Conceição, teve como comparsa Gerson, que já cumpriu pena por estupro. De acordo com laudo da Perícia Técnica, Conceição morreu em decorrência de “traumatismo craniano e anemia – esgotamento total de sangue”. Uma pancada na nuca, com extrema violência, tanto que a vítima apresentava afundamento do crânio, e sangramento agudo foram confirmados.
A vítima teria sido torturada com requintes de crueldade antes de morrer. Apresentava uma das orelhas e a língua totalmente amputadas – a dupla acusada pela barbárie registrada em Fernandó- polis era conhecida, sobretudo “Tonho”, por atuar no comércio de carnes, o filho da vítima era especialista em cortes bovinos.
Marcas de queimaduras – provocadas com a ponta de cigarro – também foram observadas no laudo pericial. O relatório da Delegacia de Investigações Gerais, responsável pela apuração do caso, já está no Ministério Público local.
Foi pedida a prisão preventiva da dupla, que é mantida em cárcere desde dezembro em cadeias da região. As qualificadoras do homicídio apontam a trama da “emboscada” e também “meios que dificultaram a defesa” – ela foi atacada pelas costas.No caso de “Tonho”, há mais dois agravantes: por ser filho e motivo torpe. Após cometer o crime, ele teria dito em um bar, no Bairro Jardim Paraíso, que “estava com R$ 2 mil e queria comprar um carro”.
DROGAS E DINHEIRO
“Tonho” é conhecido por sua agressividade – tanto por vizinhos quanto por familiares – e pelo envolvimento com drogas. Sua dependência financeira da mãe, que lhe garantia o consumo de entorpecentes – ele não tinha trabalho fixo -, é apontada como estopim para a trama fatal.
Conceição morreu em uma emboscada, armada pelo próprio filho e Gerson. A senhora de 65 anos era franzina, e mesmo já de idade, mantinha algumas cabeças de gado leiteiro em pastos arrendados. Gerson a auxiliava nos cuidados com o gado e também no comércio de leite e queijos. Foi ele quem a levou ao local de sua morte.
Sexta-feira, 19 de dezembro de 2014, Gerson e dona Conceição chegam de táxi ao Recinto da Expô, por volta das 11h30. Conceição estava com uma certa quantia em dinheiro para pagar adiantado o arrendamento de um pasto nas proximidades da Expô, às margens da estrada rural do “Pau Roxo”.
A vítima trazia o dinheiro pois dizia que o negócio que fecharia “era vantajoso”, após receber conselhos de Gerson. O assassinato teria ocorrido ao meio-dia. O corpo foi encontrado às 8h do dia seguinte, por familiares e amigos que estavam mobilizados na procura de Conceição.
AMEAÇAS
Preso em flagrante horas depois do corpo de sua mãe ser localizado, “Tonho” portava uma pistola 9mm e se apresentava extremamente nervoso e alterado emocionalmente. Ele teria passado pelo Plantão Policial atrás de Gerson, afirmando que o mataria, e, posteriormente, teria ameaçado vizinhos, que acionaram a Polícia.
“Tonho” não aceitava a vontade da mãe, que morava com ele no Jardim Paraíso. Ela estava decidida a se mudar, arrendar uma pequena propriedade onde residiria, sem o filho, e cuidaria de seu gado, vivendo do comércio de leite e queijos.
O filho e algoz da própria mãe chegou a dizer a conhecidos e em mais de um local que “cortaria a língua” de Conceição se ela realmente se mudasse.
João Leonel-Jornal O Extra