Dois homens morreram entre a madrugada e a manhã de ontem, vítimas de acidentes ocorridos no Km 534 da Rodovia Euclides da Cunha (SP-320), município de Fernandópolis e Km 126 da Rodovia Péricles Belini (SP-461), em Votuporanga. Apesar de ambos terem provocado mortes, o mais grave deles foi o da SP-461, onde um caminhão-tanque, que transportava 40 mil litros de álcool, capotou. O fato resultou no vazamento de 25 mil litros do combustível, que caíram em uma canaleta de águas pluviais e acabaram chegando ao córrego Boa Vista.
De acordo com testemunhas, o acidente, registrado por volta das 11h30, próximo ao Frigorífico Frango Rico, teria ocorrido por causa de um motociclista, ainda não identificado, que seguia a frente do caminhão Mercedes-Benz, no sentido Cardoso a Nhandeara e teria diminuído a velocidade de repente, para cruzar a pista, rumo a um desvio de terra, que liga a via a Avenida 9 de Julho. No local, segundo informações, há até uma passarela sobre a canaleta, para facilitar a circulação de pedestres, já que existe um grande número de pessoas que trabalham no II, III e IV DI (Distrito Industrial) de Votuporanga.
Para não colidir contra a moto, o motorista do caminhão, Rodrigo Lopes Batista, 30, morador de Buritama, teria freado; porém, o veículo acabou dando um “L” na pista e capotou além do acostamento esquerdo da SP-461. Simultaneamente, o também motorista Jovelino Upaiolo, 58, que residia no bairro das Paineiras, em Votuporanga e estava conduzindo um caminhão F-350 no sentido contrário, foi atingido pelo Mercedes-Benz e o tanque de combustível, sendo conseqüentemente arrastado para a margem da pista.
Em decorrência do forte impacto, Upaiolo que havia saído da empresa Cargovam, instalada no V Distrito Industrial do município, em direção a Indústria de Carrocerias Truck Galego, que fica no I DI, ficou prensado nas ferragens e não sobreviveu aos ferimentos. Já Batista, que sofreu ferimentos leves, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros a Santa Casa de Votuporanga, onde permanece internado em observação.
Policiais rodoviários, militares e bombeiros passaram à tarde no local do fato, ajudando na remoção do que sobrou dos caminhões e do restante do álcool que ainda ficou no tanque. A movimentação de curiosos também foi intensa durante a realização dos trabalhos. O trecho permaneceu interditado até a noite e o trânsito da SP-461, teve que ser desviado para a cidade.
O engenheiro responsável pela unidade do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) local, José Eduardo Alves, que esteve presente na ocasião, disse em entrevista ao Diário que a via oferece perfeitas condições de tráfego. “Você pode ver que ela é bem sinalizada e os acostamentos largos”. Por este motivo, segundo ele, não cabe ao DER tomar alguma providência em relação ao trecho, já que a maior parte dos acidentes ocorridos no local é causada pela imprudência dos próprios condutores. Alves informou ainda que a única obra prevista e solicitada pela Prefeitura é uma passarela para ligar a Avenida Wilson de Souza Foz à Zona Norte da cidade, sobre a SP-320.
De acordo com os peritos, o motorista do caminhão tanque teria iniciado a frenagem 75 metros antes de tombar e capotar. Além desta medida, também foram contabilizados mais 34 metros de derrapagem, por meio da qual os profissionais poderão calcular a velocidade do veículo para o laudo.
Cetesb
O tecnólogo Silvio Beraldi, juntamente com o biólogo Alcides Arroyo Filho da Cetesb de São José do Rio Preto, acionados para analisar os danos ambientais causados pelo vazamento de combustível, disseram que como o álcool se dissolve na água, não é uma substância que causa um grande impacto ao meio ambiente, como a gasolina e o diesel, por exemplo. Beraldi informou ainda que graças a rápida ação do Corpo de Bombeiros, que jogou terra na canaleta, a fim de conter o vazamento, a quantidade do combustível que chegou ao córrego não foi muito grande.
O tecnólogo ainda informou que agora será feito um relatório, por meio do qual a Cetesb apurará se é cabível algum tipo de advertência ou multa para a usina Alcoeste, de Fernandópolis, que produziu o combustível; a Petrobrás, que o adquiriu, e a empresa transportadora. Enquanto o que sobrou de álcool no tanque não foi transferido para outro caminhão da Petrobrás, a área foi toda cercada pelos bombeiros, que temiam uma possível explosão no local.
