Uma fala do radialista Marco Serelepe, de Araçatuba (SP), sobre mães de crianças autistas ganhou repercussão nacional durante o fim de semana.
É a segunda vez, em poucos dias, que a questão dos autistas em Araçatuba viraliza e causa revolta nas redes sociais. Após afirmar que “a cambadinha de mães não tem o que fazer”, as mães de alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista) chegaram a organizar um protesto em frente à rádio, no centro da cidade.
A polêmica envolvendo o atendimento aos estudantes autistas da cidade começou em setembro do ano passado, quando a prefeitura mudou o sistema de apoio para os alunos da rede municipal. O atendimento, antes feito por estagiários do setor da educação, passou para uma empresa terceirizada. O contrato com a prefeitura vale por um ano, mas pode ser renovado por outros quatro.
O custo aos cofres públicos será de R$ 7 milhões pelos 280 profissionais, porém os familiares das crianças questionam a baixa capacitação, já que para a contratação, a empresa exigiu apenas o Ensino Médio.
Serelepe afirmou, em sua defesa, que o vídeo foi tirado de contexto, mas pediu perdão às mães que se sentiram ofendidas.
A Secretaria Municipal de Educação enviou uma nota dando a sua versão do caso. Leia na íntegra.
“A Secretaria de Educação de Araçatuba tem um trabalho intenso e efetivo no atendimento das necessidades educacionais de todos os alunos, oferecendo estratégias diferenciadas para favorecer o desenvolvimento de cada um deles. Temos hoje 525 alunos com necessidades educacionais especiais e além do professor da turma em que essas crianças estão matriculadas e que executam um Plano Educacional Individualizado com as adaptações de currículo e de estratégias conforme as necessidades das crianças, contamos com professores especialistas que atendem cada uma delas individualmente ou em pequenos grupos uma ou duas vezes na semana e ainda, conforme a necessidade, disponibilizamos técnico de enfermagem, intérprete de libras e acompanhantes especializados, hoje num total de 262 profissionais.
Para se definir o suporte que a criança precisa para que tenha o seu desenvolvimento assegurado, é indispensável o olhar de diversos profissionais como o da equipe técnico-pedagógica e o da equipe multiprofissional. Nesta análise, a recomendação médica é entendida como uma opinião técnica relevante, porém não pode ser exclusiva, principalmente porque se trata de uma análise da criança em seu contexto educacional.
No caso da criança com autismo, assim como todas as demais pessoas, é importante esclarecer que uma não é igual a outra e que cada qual dentro da sua singularidade necessitará de diferentes níveis de suporte, sendo que alguns necessitam de muito pouco ou nenhum em razão de possuírem autonomia e desenvolvimento intelectual dentro do esperado para a sua idade.
No município, de todas as solicitações de acompanhante, em apenas 3 casos a análise final concluiu que não seria necessário em razão das crianças não possuírem barreiras que impeçam seu processo de desenvolvimento e, desta forma, fazendo uso dos demais apoios oferecidos, conseguirão ter o seu desenvolvimento assegurado. Prova disso é que uma das crianças que a avaliação das equipes técnico-pedagógicas e multiprofissional concluíram ser desnecessária a presença de acompanhante, aos 5 anos já está consolidando seu processo de alfabetização.
Importante também deixar registrado que a resolução da Secretaria de Educação que trata da disponibilização do serviço de acompanhante escolar para os alunos com necessidades educacionais especiais na rede municipal de Araçatuba é bastante democrática, dando aos pais o direito de recorrer da decisão final das equipes que avaliaram a criança no prazo de no prazo improrrogável de 15 dias, contados a partir da data da ciência do relatório, que será julgado pelos membros da Equipe Técnico-Pedagógica e pelos membros da Equipe Multiprofissional conjuntamente, os quais emitirão um único parecer conclusivo. Até o momento não recebemos nenhum pedido de reconsideração”.