Intrigante e, ao mesmo tempo, esclarecedora a questão que, hoje, um ano depois de empossado, o Brasil começa a pensar em quem elegeu para o cargo mais importante da Nação. Quem, afinal, é Jair Messias Bolsonaro?
Céticos dirão que o “messias” é, na verdade, mais um falso profeta. Eleitores dele dirão que é Jesus reencarnado. E esquerdistas… nem é preciso dizer.
A resposta para esta pergunta, contudo, é mais séria do que possam definir avaliações políticas ou psicológicas; vai mais além do que uma preferência político-partidária e passa um universo distante do sonho brasileiro de ter eleito um salvador da pátria assaltada. Concluir quem é JMB carece de um empobrecimento político-filosófico e de uma injeção de realidade nas mesmas proporções.
Trôpego. Afoito. Inconsequente. Destemido. Corajoso. Tudo isso e mais um pouco. Inexperiente para o cargo. Desejoso de resultados. Descentralizador centralizado. Politicamente apartidário. Evangelicamente católico. E sem teflon.
JMB é uma salada de tudo isso, com tempero que pode azedar a qualquer momento e por razões que não dependem de clima nem de acondicionamento. É uma pessoa que vai de zero a 100 graus em minutos e não se sente empacotado pelo cargo.
Ir a uma casa lotérica fazer um jogo, andar de moto sem capacete, parar no meio da rua para comer um samduba ou “coisas piores” não nivelam JMB aos outros 210 milhões de brasileiros nem nos elevam a nenhum outro grau.
Simplesmente revelam que o eleito em 2018 é um cara comum, que ainda precisa tomar posse. Ou seja: descer do palanque e, quem sabe, usar capa e espada para mostrar que pode, sim, ser um herói nacional contra a quadrilha que assaltou o país por mais de uma década e com poder para pôr as ramificações deixadas na cadeia.
Aí é preciso dizer que o “messias” salvador da pátria terá de enfrentar um batalhão que ocupa postos importantes em todos os poderes da República.
Assim, gosto muito de uma definição do jornalista Adrilles Jorge sobre quem é o presidente. Leia e anote:
“A imprensa mundial é muito encantada pelo poder. Ela coloca a figura do presidente como se fosse um preceptor moral. Acho que ele devia ser colocado como um chefe burocrata do poder, que não é obrigado ter um ensinamento geral a repassar. É a questão da educação na sociedade, que precisa ser educada como um todo para respeitar e valorizar com grandes mestres da literatura, filosofia, da história.”
Valdecir Cremon
É jornalista e coordenador de jornalismo do Grupo RCN de Comunicação, em Três Lagoas (MS)