O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta quinta-feira (29/2) que quem confrontar a polícia “vai se dar mal”. A declaração foi dada ao ser questionado sobre as denúncias de abusos e violência praticadas por policiais militares durante operação na Baixada Santista, no litoral de São Paulo.
“Aí fica esse negócio, e vem… Gente, o combate, infelizmente, é duro. A gente não quer o confronto, mas a polícia está preparada para o confronto. E quem confrontar vai se dar mal”, disse.
A operação da PM no litoral paulista já deixou 38 mortos em supostos confrontos desde o dia 3 de fevereiro, após a morte do soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Samuel Wesley Cosmo. Desde então, a ação policial tem sido alvo de uma série de críticas e denúncias. Na última segunda (26/2), diversas entidades entregaram um relatório ao procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, com depoimentos que apontam para execuções, tortura e invasão de domicílio.
Na semana passada, Tarcísio promoveu também uma mudança vista como sem precedentes em meio a uma gestão, com a troca de 34 dos 63 coronéis da PM. Segundo oficiais da reserva e da ativa, a alteração se deu para afastar quem é favorável ao uso de câmeras corporais e contrário à alta letalidade de operações como a da Baixada Santista. Isso privilegiaria pessoas próximas ao secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite, que faz parte da ala radical do bolsonarismo.
Antes da declaração, Tarcísio afirmou que a Operação Verão, no litoral paulista, já tem mais de 700 presos e mais de meia tonelada de droga apreendida.
Segundo o governador, o alvo da operação é o crime organizado. “A gente está travando um combate contra o crime organizado, que tomou espaços do nosso território. Esse combate é duro, esse combate é difícil. É um combate que está sendo orientado por inteligência”, disse.
Tarcísio afirmou também que não pretende ceder às pressões. “Seria muito fácil para nós, ah, eu estou vendo o que está acontecendo, estou vendo traficantes armados, armados de fuzil, de pistola e dizer ‘não vou combater, porque isso, de repente, gera uma repercussão negativa na mídia, tem uma pressão da imprensa, não quero essa pressão’. E muitos fizeram isso no passado”, disse. “Nós resolvemos ‘eu vou combater, porque nós queremos devolver os espaços para o cidadão’. Nós queremos limpar essas áreas dessa chaga que é o tráfico de drogas”, afirmou.
O governador também citou a morte do soldado da Rota e disse que a população é coagida por criminosos a dar declarações contra a polícia. “De repente, a gente sabe o quanto aquelas pessoas daquelas comunidades são pressionadas pelo próprio tráfico de drogas para dizer isso ou aquilo”,afirmou.
Tarcísio aproveitou também para defender a corporação, dizendo que a PM é “extremamente profissional” e que cada operação e cada incursão é “precedida de um trabalho de inteligência”. “Estamos monitorando alguns criminosos do PCC lá há muitos dias, esperando a hora certa de fazer a incursão, de fazer a abordagem, prendê-los”, disse. “Outra coisa, interessa para nós prender. Porque um criminoso preso é uma fonte de informação”, afirmou.