sábado, 23 de novembro de 2024
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Queda do PIB indica condições de recuperação, diz economista

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que a economia do país pode ter atingido o “fundo do…

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que a economia do país pode ter atingido o “fundo do poço” e agora começa a gerar condições iniciais para uma recuperação econômica. A avaliação é do economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

Segundo ele, o resultado é um sinal de estabilização do ritmo de desaceleração, mas “não dá para falar em recuperação ainda”. “Grande parte do resultado está relacionada à própria dinâmica da crise. Depois de um tempo longo e de quedas muito agudas, é natural que se estabilize o ritmo de queda. Isso faz com que, no fundo, vá se gerando condições iniciais para recuperação”, afirmou Cagnin.

O Produto Interno Bruto (PIB – soma de todos os bens e serviços produzidos no país) fechou o primeiro trimestre do ano em queda de 0,3% na série sem ajuste sazonal, somando R$ 1,47 trilhão em valores correntes. O resultado é a quinta queda consecutiva nesta base de comparação. Em relação aos quatro últimos trimestres, encerrados em março, a queda acumulada foi de 4,7%, a maior retração para o acumulado em 12 meses desde 1996.

Recuperação

“Depois de tantas quedas, já é hora de você estabilizar. Do ponto de vista das empresas, o que elas contribuíram para a queda do PIB [no passado] foi praticamente cortar ou adiar projetos de investimento. Chega uma hora que você não é mais capaz de fazer isso”.

“O não investimento durante muito tempo implica uma obsolescência da estrutura produtiva, consequentemente uma perda de produtividade. Chega um momento em que você precisa realmente desengavetar projetos para garantir pelo menos a situação atual”, esclareceu o economista.

De acordo com Rafael Cagnin, o processo é similar com as famílias. “Você adia todos os projetos de aquisição de bens de consumo duráveis, mas, depois de muito tempo, essa necessidade de reposição vai aparecendo. É isso que estou falando que a crise abre caminho para a própria recuperação”.

Indústria

A queda do PIB no primeiro trimestre reflete retrações em praticamente todos os setores da economia, com destaque para Formação Bruta de Capital Fixo (investimento em bens de capital), com queda de 2,7% na comparação com o trimestre anterior.

Na sequência, a indústria registrou -1,2%. N agropecuária e serviços, a queda alcançou, respectivamente, -0,3 e 0,2%. O consumo das famílias fechou com retração de 1,7%. A exceção foi o consumo do governo, que fechou positivo em 1,1%.

Para Cagnin, o desempenho da indústria foi um destaque. “O elemento novo é que, desde 2015, a indústria de transformação sempre puxou para baixo o PIB. Nesse início de ano, foi a primeira vez que a queda da indústria se equivale à queda do PIB. Ela vai perdendo a força de deprimir a economia como um todo.”

Exportações

Conforme os dados divulgados hoje pelo IBGE, o comércio exterior teve forte influência no PIB. As exportações de bens e serviços tiveram expansão de 6,5%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 5,6%.

“A gente vê a importância que a taxa de câmbio tem para que as empresas consigam encontrar saídas para a depressão para o ritmo de atividade delas. As exportações contribuíram bastante. As importações continuam em queda, em um ritmo relativamente estabilizado, o que sugere algum processo de substituição de importações. A taxa de câmbio foi um fator bastante importante para esse desempenho um pouquinho melhor”, concluiu Cagnin.

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