Uma quadrilha de estelionatários está agindo na região. O golpe é aplicado por telefone, num processo meticulosamente planejado. Vários leitores de Votuporanga procuraram a reportagem para dizer que receberam as ligações e quase caíram na armadilha dos criminosos.
O Golpe
Primeiro, as atendentes se identificam como Vera, Andreia ou Yolanda (não se sabe, inclusive, se esses nomes são verdadeiros). Na sequência, elas explicam que trabalham no Cartório de Suzano e que a vítima está em débito com um estabelecimento. A equipe de reportagem do Diário se passou por um contribuinte, utilizando nome fictício, e foi informada de uma dívida de oito parcelas de R$ 399,00, que deveria ser paga até às 15h30 de ontem. Questionada sobre o serviço contratado, a atendente diz que trata-se de uma mala direta oferecida por uma agência de publicidade e passa o número de telefone da empresa. Quem atende do outro lado é Julia, que pede informações da vítima, como nome completo, CPF e outros dados. Na segunda etapa do golpe, a quadrilha usa o nome de uma agência localizada no Rio de Janeiro, que está há mais de 20 anos no mercado.
Após obter o nome completo e CPF da vítima, a atendente fornece o número de um protocolo e da conta para depósito. Para o Diário, os estelionatários disponibilizaram o Bradesco, agência 0322, n.° 109157-3, do “tabelião” Gabriel Augusto de Souza.
Caso de Polícia
O Diário entrou em contato com a polícia de Votuporanga, que orienta que os indivíduos que se sentirem lesados devem procurar uma Delegacia para elaboração de Boletim de Ocorrência e não efetuar depósito em hipótese alguma.
Outra recomendação é evitar o fornecimento de dados pessoas. “A pessoa nunca deve passar informações por telefone e internet. O ideal é entrar em contato pessoalmente com o órgão”, orienta o delegado titular da DIG, Márcio Nosse.
Segundo ele, essa modalidade de estelionato é a variação do famigerado sequestro (quando o bandido finge ter capturado um membro da família da vítima e pede dinheiro para libertá-lo, tudo isso, claro, via telefone). “Os criminosos ameaçam os familiares do suposto sequestrado e se aproveitam do desespero para extorquir. Outro tipo de tentativa de estelionato é quando ligam na casa da pessoa, dizendo que sofreram acidente ou precisam consertar o carro”.
O delegado lembra que, via de regra, os bandidos se aproveitam da carência do povo brasileiro. “Eles começam a conversar e, em instantes, já conseguem a confiança da vítima. eles exploram, na maioria das vezes, a ganância, a carência e o medo de ser acionado civilmente”.
A descoberta da quadrilha não é fácil. “Às vezes, essa conta bancária tenha sido aberta no nome de laranjas ou até mesmo com CPF roubado, em uma agência de outro Estado. O saque pode ser feito em qualquer região do país. Por isso, a investigação é muito complexa”.
Cartório e agência
O Cartório de Notas e Protestos de Suzano alerta que não telefona para os cidadãos. “A pessoa recebe uma intimação ou a transmissão da informação é feita por meio de edital publicado em jornais. Nunca ligamos para fazer cobranças”.
A reportagem entrou em contato com a agência citada, perguntando se a diretoria tem conhecimento que o nome da empresa está sendo usado pela quadrilha. O responsável negou ciência e disse que iria procurar a polícia. “Não temos nenhuma filial nesta região”, garante.
Diário de Votuporanga