A prefeitura do Rio de Janeiro alterou o projeto do Parque Olímpico da Rio-2016 para beneficiar as três construtoras responsáveis pela obra: Odebrecht, a Andrade Gutierrez e a Carvalho Hosken.
A informação, apurada pelo site UOL, consta de um relatório do Comitê Olímpico Internacional anexo a um aditivo do contrato assinado pelo município e pelas empresas para a construção da maior instalação esportiva da Olimpíada. A Carvalho Hosken é doadora de campanha do prefeito Eduardo Paes, e ele aparece como um dos políticos beneficiados por dinheiro da Odebrecht em planilha obtida na operação Lava Jato.
O site obteve acesso a 33 volumes de documentos que compõem o processo administrativo mantido pela prefeitura sobre o Parque Olímpico. No processo, estão detalhadas as alterações realizadas em 2012 em favor das empreiteiras no projeto conceitual do empreendimento. A mudança ocorreu após a licitação e, por isso, impediu que outras empresas pudessem concorrer com as novas condições.
O projeto conceitual do Parque Olímpico foi feito pela empresa de arquitetura Aecom, vencedora de uma concorrência realizada pela prefeitura em 2011. Nesse masterplan, a Aecom indicou como as instalações esportivas da Olimpíada deveriam ser distribuídas no terreno do parque para a realização dos Jogos, para o melhor aproveitamento de arenas esportivas já construídas para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e para maximização do legado da Rio-2016.
A concorrência para a escolha das construtoras do Parque Olímpico foi concluída em março de 2012. Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken associaram-se num consórcio –a Concessionária Rio Mais- para disputar a licitação. Acabaram sendo candidatas únicas para assumir a obra do parque e, assim, foram declaradas vencedoras da concorrência. Mas, no mês que a concorrência foi concluída, a prefeitura já apresentava ao COI um plano para a obra do Parque Olímpico diferente do produzido pela Aecom e, portanto, distinto do incluído na licitação. Nesse novo projeto, já estava prevista a demolição do velódromo do Pan, a mudança do local do centro de tênis e a modificação dos espaços destinados a arenas temporárias.
O próprio COI avaliou que mudança no projeto do parque beneficiou as empreiteiras. O comitê analisou o novo projeto conceitual do Parque Olímpico quando a prefeitura ainda discutia as alterações. Informou em relatório enviado ao município: “O rascunho do masterplan revisado foi apresentado nos dias 6 e 7 de março [de 2012]. O masterplan apresentou várias mudanças com relação ao masterplan anterior da Aecom para o design da competição. Essas revisões são resultado de uma consulta com as empreiteiras da PPP e são motivadas por esforços de maximizar o valor dos terrenos e as oportunidades de desenvolvimento”.
No mesmo documento, o COI afirmou que “a prefeitura reconhece que a empreiteira do PPP tende a ter dois objetivos primários: maximizar o valor dos terrenos e cumprir as obrigações das sedes a baixo preço”.
Por fim, o comitê olímpico deu seu aval às mudanças. Ratificou até a decisão da prefeitura de demolir velódromo do Pan, cujas condições técnicas haviam sido condenadas pela federação de ciclismo.