Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram manter a greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada na tarde desta quarta-feira (3) em assembleia na avenida Paulista. A paralisação já completou 80 dias e é a maior greve da categoria no Estado. A próxima assembleia ficou marcada para a próxima sexta.
Após a votação, os grevistas decidiram fazer uma passeata da avenida Paulista até a secretaria estadual de Educação, na Praça da República.
A diretoria do sindicato apresentou três propostas: terminar a greve, continuidade da greve por tempo indeterminado e continuidade da greve em dias determinados.Venceu a posição de continuar a greve — a votação foi apertada e foi realizada duas vezes para que a diretoria do sindicato se certificasse da decisão. Durante os discursos dos sindicalistas, integrantes da manifestação começaram um empurra-empurra.
Desconto dos dias parados
A decisão ocorre em um momento de enfraquecimento da paralisação — com o desconto dos dias parados, a adesão à greve diminuiu, segundo o sindicato. A Apeoesp, principal sindicato da categoria, contabiliza que 30% dos profissionais estão paralisados. No começo da semana passada, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirmava que os faltosos não passam de 5%.
O motivo, segundo o sindicato, foi o corte de ponto dos grevistas, que estão desde maio sem receber salário. O sindicato recorre dos descontos no Supremo Tribunal Federal (STF).
O sindicato da categoria fez uma reunião com o governo do Estado neste mês. O governo informou que enviará, em até 30 dias, projeto de lei que estende o atendimento médico de saúde dos servidores públicos (Iamspe) a esta parcela da categoria.
O governo também sinalizou que vai diminuir o intervalo contratual dos temporários para três anos – hoje, eles precisam se afastar das aulas por 40 dias após um ano de trabalho, para não haver vínculo empregatício. A Secretaria Estadual de Educação já havia mencionado em reunião anterior que “estudava” a implementação das medidas.
A greve
Entre as reivindicações, os professores pedem a valorização da carreira, reajuste salarial que equipare perdas salariais, aumento do valor do vale-transporte e do vale-alimentação e são contra o fechamento de salas de aulas, o que ocasionou a demissão de 20.000 professores e superlotou turmas remanescentes.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirmou que “avalia que a decisão do sindicato é extemporânea e ofensiva aos pais e alunos paulistas, uma vez que a categoria recebeu o último aumento salarial há sete meses, em agosto de 2014, o que consolidou um reajuste de 45%”.
Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2011 foi instituída uma política salarial que permitiu aos professores e demais servidores da rede estadual de ensino um aumento salarial de 45% em quatro anos.
A Apeoesp argumenta que, passados os quatro anos, o reajuste está defasado e que por isso o aumento de 75,33% equipararia as perdas salarias aos vencimentos das demais categorias de nível superior. Hoje, o salário é de R$ 2.145, para 40 horas semanais.