A mãe de uma adolescente de 16 anos registrou uma denúncia contra uma professora por injúria após a filha dela relatar ter sido chamada de “burra” por parte da docente. O fato teria ocorrido na Escola Estadual Professor Genésio Machado, na Vila Santana, em Sorocaba (SP). A professora foi afastada do cargo.
De acordo com o boletim de ocorrência, o caso aconteceu no dia 28 de fevereiro, mas foi registrado apenas no início deste mês. O episódio teria ocorrido durante uma aula de inglês para alunos do segundo ano do ensino médio.
A adolescente tem deficiência auditiva e possui um implante coclear para conseguir ouvir. Ela se comunica pela fala e recebe ajuda de uma auxiliar, que faz o acompanhamento individual dela.
Conforme o registro da denúncia, a professora teria reclamado que ela conversava e dava risada em tom alto na sala de aula. A adolescente perguntou se a professora sabia que ela tinha um implante coclear e, de acordo com o boletim de ocorrência, a docente teria chamado a estudante de “burra”. A menina falou para a mãe que determinadas situações aconteciam por envolver a cor da pele dela.
Em entrevista ao g1, a mãe contou que outro filho dela também teve problemas com a mesma professora e precisou mudar de escola depois de passar por uma situação de “vexame”. “Acontece com crianças negras e meus filhos são negros”, explica a mãe, que preferiu não se identificar.
No momento em que a menina contou para a mãe o que havia acontecido, ela foi de imediato para a escola. “A coordenadora estava ciente da situação, porque tanto a minha filha quanto outros alunos da mesma sala saíram indignados e foram passar a situação para ela”, conta.
Segundo a mãe da menina, quando o filho foi ofendido pela professora, ela decidiu não registrar denúncia, porém, nada mudou após o relato.
“Você manda seu filho para a escola e pensa que ele está seguro lá dentro, em questão de segurança física e moral, você manda o seu filho para aprender algo. Aí, justamente quem deveria estar ensinando ou educando age com esse tipo de atitude. É revoltante. Eu me sinto incapaz, pelo fato de não poder fazer muita coisa, não poder ir muito além.”
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou, em nota, que repudia todo e qualquer ato de discriminação dentro ou fora das escolas.
“A Diretoria de Ensino de Sorocaba está apurando os fatos relatados pela mãe da aluna e um boletim de ocorrência foi registrado. A docente seguirá afastada enquanto a apuração está em andamento. A Diretoria de Ensino e a gestão da unidade seguem à disposição para esclarecimentos”, diz a nota.
O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher de Sorocaba (DDM) como injúria e submissão de adolescente ao vexame, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).