Embora o objetivo inicial de seu novo livro fosse descrever o processo de municipalização do ensino na época em que foi secretário da educação de São José do Rio Preto (1997-2000), o docente aposentado da Unesp Gentil de Faria, ao colocar a história no papel, decidiu pesquisar a fundo a educação primária na cidade, remetendo-se à instalação da primeira escola.
A obra A educação primária em Rio Preto: o processo de municipalização do ensino (THS Arantes, 2007, 291p.), lançada em 22 de novembro, consiste em um completo material para quem quer conhecer a história da educação no município, bem como para educadores de todo o Estado de São Paulo interessados no processo de municipalização do ensino, já que as soluções encontradas em Rio Preto podem servir de exemplo para outras cidades.
Docente de Literatura Inglesa na Unesp desde 1986, Gentil de Faria preparava-se para mais um dia de trabalho na universidade quando recebeu uma ligação do prefeito de Rio Preto na época, convidando-o a assumir o cargo de secretário da Educação. O ano era 1997 e a resposta teve que ser dada em vinte minutos. “Se eu não aceitasse, ficava com o receio de o prefeito divulgar que havia me convidado e eu recusara o convite. Portanto, eu era mesmo o tipo de intelectual alienado que ele havia descrito, e que só sabia ruminar teorias”, confidencia Faria em seu livro.
Dessa maneira, o docente tornou-se secretário da Educação de São José do Rio Preto e responsável pela passagem das escolas de educação primária da esfera estadual para municipal. Nesse processo, Rio Preto recebeu três prêmios nacionais e um internacional pela gestão em educação. “Precisei fazer algo que ninguém sabia fazer, pois não se havia uma idéia clara de como fazer o processo. Minha experiência como professor, desde a educação básica até a pós-graduação, contribuiu para a realização do trabalho”.
Além de descrever a trajetória da educação primária na cidade, a partir de 1896, Gentil analisa cada processo, tecendo críticas quando necessário. “Mostro no livro a tendência do governo brasileiro em optar por medidas paliativas. Em nosso País, o curso superior foi criado antes do que a educação primária. Ainda hoje, o governo investe em educação superior de qualidade inferior”, afirma.
Para Faria, o governo tem que começar “de baixo”, na educação primária. “Hoje, essa educação primária abrange de zero a 14 anos de idade, pois começa com a creche (0 a 3), passa pela pré-escola (4 a 6) e termina no Ensino Fundamental (1ª a 8ª série). É nessa faixa de escolaridade que o município deve educar a sua gente”.