A Polícia Federal prendeu até a noite de ontem 91 pessoas acusadas de integrar o maior esquema de sonegação do país nos últimos anos. Trinta acusados são da região noroeste paulista.
Todos são suspeitos de sonegar cerca de R$ 1 bilhão de reais em impostos estaduais e federais através de frigoríficos, empresas de fachada e “laranjas”.
A Justiça Federal emitiu, ao todo, 109 mandados de prisão – a PF identificou 173 pessoas e 159 empresas envolvidas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul.
Também foram cumpridos 149 mandados de busca e apreensão, incluindo notas fiscais e computadores, com a mobilização de de 700 policiais.
De acordo com os delegados envolvidos na Operação, o esquema era liderado pelo Grupo Mozaquatro, em Fernandópolis e Monte Aprazível, e pelo frigorífico Itarumã, sediado em Jales. O golpe tinha a participação de fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda, da Receita Federal e do Ministério do Trabalho. Cinco foram detidos ontem.
As empresas de fachada ficavam ativas por até dois anos, quando acumulavam uma grande dívida em impostos, antes de serem fechadas. Só o grupo Mozaquatro tem 11 empresas “laranjas”. Os donos do grupo foram presos em Rio Preto e em Fernandópolis.
Esse era o principal núcleo do esquema, conforme a Polícia Federal, além de um grupo especializado em fabricar e vender notas frias, chefiado pelo rio-pretense Valder Alves.
Nesse ponto aparece a participação de fiscais da Fazenda e da Receita. Eles recebiam propina em troca de favores.
Segundo a PF também estão envolvidos os “taxistas”, pessoas que compram e abatem gado.
O Itarumã informou ontem que não se pronunciaré sobre o caso e o Mozaquatro anunciou que advogados falarão sobre o assunto nesta sexta-feira.
Carne gorda
Cinco das empresas que integravam o esquema de sonegação fiscal no comércio de carne movimentaram R$ 2,2 bilhões em cinco anos “sem recolher um centavo sequer em tributos aos cofres públicos”, segundo a Polícia Federal. Todas teriam sido criadas “com o único propósito de emitir notas fiscais frias”.
Uma delas declarou receita de R$ 1,1 bilhão de reais desde 2001 sem recolher impostos. O mesmo ocorreu em outra empresa, que teve renda bruta de R$ 170 milhões no mesmo período, com recolhimento inferior ao mínimo movimentado.
O que chamou a atenção da Receita Federal foi uma empresa que emitiu R$ 172 milhões em notas fiscais frias em quatro anos sem ter movimentado nenhum centavo em contas bancárias.
Presos
O empresário Alfeu Mozaquatro foi preso em casa, no condomínio Débora Cristina. A filha dele e diretora de uma das empresas acusadas, Patrícia Mozaquatro, foi presa no condomínio Village. Já o filho de Alfeu, Marcelo Mozaquatro, foi detido em Fernandópolis.
Em Rio Preto foi preso Osvaldino Quadros, funcionário da empresa Norte Riopretense Distribuidora. Em Guarulhos foi preso Nivaldo Fortes Perez quando se preparava para embarcar no aeroporto internacional com destino ao exterior.