Agentes do maior conjunto de presídios de Pernambuco fizeram novas denúncias graves. Entre elas, a de que alguns detentos atuam como gerentes do tráfico de drogas nos pavilhões. E eles usam até uniforme para desempenhar essa função.
Foi o primeiro dia de visita depois da rebelião no Conjunto de Presídios do Curado, que, em três dias na semana passada, deixou 45 feridos e três mortos.
A capacidade é cerca de 2 mil presos. Mas há 7 mil detentos. No pátio, eles montam barracas onde querem. Muitos falam ao celular.
Três agentes penitenciários que trabalham no conjunto de presídios fizeram denúncias sobre a má administração. De acordo com eles, há poucos agentes penitenciários. Chegam a ficar apenas três ou quatro num local com 1,8 mil detentos. E eles nem sequer, têm acesso aos pavilhões onde ficam os presos.
Eles dizem ainda que quem manda nos pavilhões são os “chaveiros”, detentos escolhidos pelo chefe da segurança. São eles, de camisa laranja, que tomam as decisões.
“Ele que organiza dentro do pavilhão quem tranca, quem comercializa tudo lá dentro, tráfico de droga, tenta manter uma ordem dentro do pavilhão”, afirma um agente
“Ele é o chefe de uma verdadeira milícia dentro da cadeia. O chaveiro, ele tem o grupo dele, que é todo mundo bandido e ele impõe o terror dentro do pavilhão”, diz outro agente.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos disse que não devia existir chaveiro no presídio.
“Ninguém do Estado escolhe, isso é uma prática entre eles. Na verdade isso representa o quê? O império da força bruta, o império do capanguismo, o império da violência e nós temos que parar com esse tipo de prática”, diz o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.
Imagens de celular mostram rapazes jogando várias coisas por cima do muro. Em outra, facões que foram lançados lá de fora e interceptados pelos agentes. Sobre as revistas, eles denunciam.
“É uma vistoria avisada e num único pavilhão. Ou seja: o preso transfere a arma para um outo pavilhão e fica por isso mesmo, ninguém consegue encontrar”, comenta um agente.
Eles também reclamam dos equipamentos.
“Coletes estão vencidos, as armas estão em péssimo estado, estão quebrando devido ao uso”, diz um homem.
Foi com estes equipamentos que os agentes enfrentaram o ataque de presos que teriam disparado contra o grupo. Dois tiros atingiram o chão.
“Quem for agente público será punido, quem for preso praticando irregularidades ou novos crimes também serão punidos, uma coisa é certa, nós não vamos tolerar a leniência, a irresponsabilidade e o crime organizado”, declarou o secretário.