Um morador de Mendonça, cidade com mais de 5,6 mil habitantes, na região de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, conseguiu provar sua inocência e teve a liberdade após passar dois anos preso injustamente por um crime que não cometeu.
O caso aconteceu em 2016. Vinícius Silva Villas Boas, de 37 anos, veio da capital paulista com a família em busca de qualidade de vida. Ele queria oferecer o melhor para a mulher e o filho, mas encontrou uma realidade bem diferente da esperada. Logo nas primeiras semanas, o analista de pricing foi abordado pela Polícia Militar e sua vida mudou completamente.
“Foram mais ou menos dez policiais, eu fiquei bem assustado. Revistaram toda a casa, reviraram tudo e perguntaram onde estavam a droga e a arma. Me levaram na delegacia e eu perguntei novamente o que estava acontecendo. Eles disseram que é um mandado de busca e apreensão”.
Ele foi acusado de roubo em José Bonifácio (SP). Vinícius negou o envolvimento com o crime e não tinha sequer as características do suspeito.
“No boletim de ocorrência a vítima havia comentado que tratava de um indivíduo pardo, forte e com o cabelo cortado. Na primeira conversa com o Vinícius eu pude observar que ele era uma pessoa obesa, negra e sempre teve o cabelo raspado de acordo com históricos de fotografias e até mesmo naquele momento”, afirmou o advogado Nugri Bernardo de Campos.
No dia e horário do roubo, Vinícius estava trabalhando em Mendonça. Ele prestava serviço como pintor para o empresário Fábio Gomes, e passou o dia todo na companhia do colega.
“Causou um espanto porque ele estava trabalhando comigo e parece que foram na casa dele, levaram ele. A gente parou de trabalhar já era quase 18 horas”, conta Fábio.
Mesmo com todas as provas de que o analista não tinha participação no roubo, ele foi preso e condenado, instância após instância. Em cárcere, Vinícius não perdia a esperança de provar sua inocência. Do lado de fora a família sofria, e o advogado tentava provar, de todas as maneiras, que uma grande injustiça estava sendo feita com seu cliente.
Um fio de esperança surgiu quando outro detento contou para Vinícius que conhecia a história do roubo e sabia quem eram os verdadeiros culpados, mas a justiça ainda estava longe de ser feita. Mesmo com a declaração de outro prisioneiro dando detalhes do crime, Vinícius foi condenado.
O detento fez uma carta de próprio punho para o companheiro de cela, contando o que sabia. E, em uma última tentativa, o advogado recorreu ao Tribunal de Justiça, por meio de uma revisão criminal. Vinícius conseguiu a liberdade.
Todo o sofrimento vivido pela família ainda ecoa nas cabeças e corações, mas agora é vida nova e a certeza de que todos serão ainda muito felizes.
