O rapaz de 23 anos que confessou ter participado do roubo do carro de luxo do cantor Péricles, na noite de quinta-feira (16), em Santo André, Grande São Paulo, afirmou à polícia que vendeu o veículo por R$ 12 mil e dividiu o valor com um comparsa, que não foi encontrado. Vídeos gravados por câmeras de segurança e que circulam nas redes sociais mostram o assalto do artista.
O g1 apurou ao menos 13 passagens por roubos desde 2016 com a citação do nome de Guilherme Toshihiko Shiozuka em boletins de ocorrências quando ainda era adolescente. A defesa dele não foi localizada até a última atualização desta reportagem.
O crime contra o cantor foi cometido na Vila Camilópolis na frente da esposa e de uma das filhas pequenas do sambista. Apesar do susto, nem Péricles nem a família foram agredidos ou se feriram.
A Land Rover Discovery cinza, ano 2022, é avaliada em R$ 300 mil. Além do automóvel, os bandidos levaram cartões bancários, documentos e uma mochila com roupas das filhas de Péricles. O veículo foi encontrado desmontado e praticamente sem outras peças, na sexta-feira (17), na Zona Leste de São Paulo.
Eles não tiveram acesso à conta bancária de Péricles. O local em que o carro foi “depenado” fica na região de uma das casas onde Guilherme dormia, que seria da companheira dele.
O outro endereço em que ele foi visto saindo e foi abordado pouco depois fica numa rua vizinha à da mãe do cantor e seria a casa de um parente do criminoso. A polícia investiga se o assalto foi premeditado.
Guilherme detalhou que trocou as placas do carro usado no roubo e as jogou num córrego dias depois.
Crime flagrado
No vídeo, é possível ver o momento em que um homem usando um capuz se aproxima de Péricles, da sua esposa e da filha do casal, apontando uma arma em direção ao cantor. Em seguida, o bandido entra na Land Rover e sai com o carro. Logo depois, um Fiat Uno branco, onde está outra pessoa, dá cobertura para o comparsa.
O homem detido é apontado pela polícia como o motorista que dirige o Fiat nas filmagens. De acordo com o delegado André Figueiredo, delegado titular 3ª Divecar, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), contra Guilherme, que confessou o roubo de Péricles, também havia um mandado de prisão por tentar roubar uma mulher no dia em que ia se casar.
Passado violento
Guilherme Toshihiko já passou por delegacias na capital paulista, Santo André e São Caetano do Sul desde adolescente, mas estava nas ruas.
Um acórdão de 2021 aumentou uma condenação de 3 anos e 6 meses para 4 anos e 8 meses por uma tentativa de roubo e corrupção de menores em 25 de junho de 2017. Naquele dia à tarde, na Vila Prudente, em São Paulo, ele — que dizia ser auxiliar de pizzaiolo —, um adolescente e outras duas pessoas abordaram um motociclista com uma BMW.
A vítima saiu da moto, mas policiais viram a cena. Para tentar fugir, todos saíram em disparada. A motocicleta de Guilherme bateu num poste, e ele foi levado com o adolescente à delegacia.
O menino contou, em interrogatório na época, que conheceu Guilherme numa festa e “acabaram fazendo amizade”. Sobre uma fita na placa, o garoto alegou que era para evitar multas de trânsito.
Noiva assaltada
Em 14 de maio de 2022, por volta das 7h30, na Rua Tomás Pereira Valente, no Jardim São Lucas, Guilherme foi apontado pela polícia como o responsável por assaltar uma mulher no dia do casamento dela e quase matar os parentes da vítima baleados.
Quando a vítima estacionou na frente de casa, ela foi abordada pelo criminoso, que queria o carro. Ele deu tiros para o alto quando ela pediu que ele deixasse o vestido do casamento. Era o dia do evento.
O irmão dela ouviu o disparo e pulou do segundo andar para tentar evitar o crime. Guilherme já estava dentro do carro. A mãe da vítima e o irmão tentaram lutar contra o assaltante, que atirou ao menos três vezes e fugiu.
Os tiros pegaram no tórax do irmão da noiva. A vítima foi socorrida no Hospital da Vila Alpina com o projétil alojado na coluna. Ele ficou cinco dias na UTI, dois dias no quarto e hospitalizado até 21 de maio de 2022. Um pulmão ficou debilitado, mas a vítima sobreviveu aos ferimentos. Guilherme foi denunciado pelo Ministério Público por este crime.
Quem é Péricles
Péricles é uma das referências nacionais do pagode, tendo integrado o Exaltasamba, grupo que surgiu em 1982 em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
“Nós fomos assaltados, foi horrível. Mas todo mundo está sujeito, e eu não sou melhor que ninguém. É vida que segue, vamos simbora. Deus é maior, e a gente não sabe de nada”, disse Péricles, no sábado passado, quando foi ouvido pela imprensa no Sambódromo do Anhembi.
O cantor saía de uma casa com a esposa Lidiane e a filha Maria Helena quando foram abordados pelos bandidos. “Agradecemos a preocupação e as manifestações de carinho enviadas ao cantor e sua família”, informa trecho do comunicado da empresa Farias Produções, que representa o artista.
