Logo que chegou de viagem na noite deste domingo, dia 23, o presidente da Câmara Municipal de Jales, Ricardo Gouveia, tomou três medidas sobre a gastança de alguns vereadores durante viagens oficiais.
Determinou a abertura uma sindicância para conferir todas as notas fiscais das despesas com viagens feitas desde o início desta legislatura, em janeiro de 2021, até hoje.
Ricardo está avaliando a contratação de uma empresa de auditoria para conferir as despesas e quer orientação do Ministério Público. Não está descartada a participação da Polícia Federal.
Ele pretende divulgar os nomes dos 10 vereadores e todas viagens que fizeram, incluindo as datas e destinos, tanto na ida quanto na volta, e os valores gastos desde o início do mandato, em janeiro de 2021. Ricardo já determinou à assessoria de imprensa e cerimonial que forneça o resultado desse balanço a todos os órgãos de imprensa.
Suspender todas as viagens, até segunda ordem, segundo o presidente, a menos que a justificativa mostre que o deslocamento é absolutamente necessário, nenhuma viagem será autorizada até o fim das investigações.
Firme, o presidente disse: “Quero conferir tudo desde 2021. Doa a quem doer. Eu tenho um nome a zelar e não vou pagar por coisa errada dos outros”
Porém, Ricardo Gouveia pode enfrentar dificuldades para ir adiante na apuração. A nossa reportagem apurou que há funcionários da Câmara Municipal tentando evitar a abertura de sindicância, que pode apontar para a culpa de um dos colegas do Legislativo.
MAMATA DOS RODÍZIOS
O caso, que está sendo comparado ao da Farra no Tesouro e chamado de “Érica da Câmara”, foi revelado pelo jornal A Tribuna no último fim de semana.
A matéria mostra a rotina de churrascarias rodízio durante as viagens. Notas fiscais das despesas e relatórios de viagens apresentados pelos próprios vereadores são a base da reportagem. Boi Bom, de Rio Preto, Apallosa´s de Nova Odessa, Pau Seco, de Americana e Salada Record, na Santa Efigência, são paradas frequentes.
O Ministério Público, através do promotor Horival Marques de Freitas Júnior, está analisando as notas e forneceu ao jornal um relatório de 315 páginas que contém despesas com sorvete, café gourmet com e sem chantilly, água/suco de R$43,00 e rodízio de R$128,onde o preço de cardápio é menos de R$75.
No conhecido restaurante Salada Record (Salada São João é a razão social), um vereador chegou a pagar R$ 43,00 em um ítem discriminado como água ou suco.
A disparidade das notas chega a impressionar. Os vereadores pagaram R$9,00; R$13,00; R$16,00 e R$43,00 pelo mesmo item no mesmo lugar. E há duas notas emitidas no mesmo estabelecimento, com exatamente o mesmo valor, porém com intervalo de um minuto. Um vereador chegou a passar DOIS DIAS em São Paulo para entregar DOIS OFÍCIOS, gastando QUASE DOIS MIL REAIS (R$1.976,84) dos cofres municipais.
Em uma viagem, o mesmo vereador pagou R$267,80 por dois rodízios que custam R$69,90.
O café gourmet Amarulla Latte, que é servido gelado, é um dos prazeres desfrutados pelos vereadores durante as viagens oficiais.