sexta, 22 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Presença dos negros no ensino superior pode ser equiparada até 2015

Apontado como uma das causas para o aumento da presença de negros nas universidades brasileiras, o sistema de cotas ainda causa polêmica entre estudantes e especialistas. Divulgada nesta segunda-feira, Dia…

Apontado como uma das causas para o aumento da presença de negros nas universidades brasileiras, o sistema de cotas ainda causa polêmica entre estudantes e especialistas. Divulgada nesta segunda-feira, Dia Nacional da Consciência Negra, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE revelou que a presença de negros ou pardos no ensino superior aumentou mais de 60%. Houve um crescimento mais acentuado entre os anos de 2001 e 2005. Nesse ritmo, a presença do grupo no ensino superior será equiparada à sua participação na sociedade até 2015. Atualmente, 49% dos brasileiros se declaram pardos ou negros. De acordo com o professor do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília, Nelson Inocêncio, o aumento no acesso de estudantes pardos ou negros em um curso superior pode ser atribuído às políticas de cotas raciais. Neste ano, cerca de 20% das instituições públicas do país reservaram vagas para estudantes negros ou pardos concorrerem entre si. Porém, a proposta é rejeitada no meio universitário. Luiz Felipe Pereira tem 19 anos e cursa o terceiro semestre de Comunicação Social na Universidade de Brasília. O estudante de ascendência negra não concorda com o sistema cotista, por isso entrou na UnB pela concorrência normal. Luiz Felipe acredita que as cotas deveriam ser reservadas para estudante de baixa renda.

Eu também tenho ascendência negra, mas eu realmente acho que não resolve o problema de maneira definitiva, por isso que eu sou meio contra paliativo. Talvez seja até necessário pela questão urgente da ausência de alunos negros na universidade. Isso é grave. Mas mesmo assim, ainda olho um pouco com maus olhos.

No entanto, de acordo com o estudioso em assuntos afro-brasileiros da UnB, as cotas são essenciais para mudar o quadro de desigualdade social entre brancos e negros no país. Nelson Inocêncio também destaca a importância do Programa Universidade para Todos. O ProUni destina bolsas parciais ou totais preferencialmente para os negros garantirem vagas nas instituições particulares. A pesquisa do IBGE também detectou o aumento de negros e pardos tanto nas universidades públicas quanto nas particulares. Porém, a adesão às faculdades pagas foi maior. Inocêncio critica a falta de esclarecimento na sociedade sobre o assunto.

Falta entendimento e falta compreensão. A situação da população negra e branca são radicalmente opostas. Nós temos sim, a sociedade civil e o Estado tem efetivamente que procurar soluções, porque está mais do que evidente que a dificuldade de crescimento da população negra é algo que já está constatado, publicamente constatado, cientificamente constatado.

Assim como o especialista da UnB, o presidente da Fundação Palmares, Ubiratan Castro de Araújo acredita que as cotas são medidas emergenciais e temporárias.

É uma medida que em curto espaço de tempo tende a cobrir essa distância e inverter essa tendência. É evidente de que daqui a dez anos, quando a medida já tiver surtido efeito, não haverá mais necessidade.

No primeiro semestre de 2005, o sistema de cotas para negros permitiu o ingresso de três mil estudantes em 12 universidades, entre instituições federais e estaduais.

Notícias relacionadas