Uma situação triste e revoltante deverá marcar para sempre a vida de I.C.S.S., de 35 anos. Durante operação da Polícia Civil realizada há dez dias, ela foi surpreendida dentro de sua casa, enquanto dormia na companhia da família, e foi levada de viatura para a delegacia. De lá foi parar no presídio feminino de Batatais, onde passou 80 horas de horror e agonia.
A situação vivenciada por I.C.S.S. chama atenção por uma série de equívocos cometidos pela polícia. Na verdade, ela nunca teve qualquer problema com a polícia, mas por uma falha na expedição do número da carteira de identidade acabou confundida com um homem condenado por matar o próprio irmão. Os policiais deveriam, sim, prender Dorival Santana, que está foragido desde que matou seu irmão após uma discussão por causa de um imóvel em São Paulo.
No dia da tal operação da polícia, deflagrada simultaneamente em todo o país, os policiais não esperaram nem mesmo receber o mandado de prisão. Assim que chegou via computador a identificação, através dos números dos RGs dos criminosos, não tiveram dúvida. Foram até a casa da mulher e a prenderam na frente das duas filhas de 10 e 14 anos de idade.
De acordo com o advogado Reginaldo Carvalho, que agora tentará na Justiça a reparação pelos danos causados à sua cliente, o problema teria sido ocasionado na hora da citação do número do RG, expedido pela polícia da capital. Teria sido passado para Franca um número errado e a mulher acabou presa mesmo garantindo que nem sabia do que se tratava.
A situação beira o absurdo e as conseqüências para a vítima do erro parecem não ter volta. Ela morava em Sertãozinho e depois que se casou mudou para Franca. Conquistou amizades, trabalhou em alguns lugares e inclusive como comerciante, sendo bastante conhecida na cidade. De Franca nunca mais se mudou e garante que nunca esteve em São Paulo.
Ela começou a desconfiar que havia algo errado no final de fevereiro, quando foi renovar sua carteira de habilitação. Na auto-escola foi informada que havia um mandado de prisão contra sua pessoa. Sem saber do que se tratava procurou um advogado e achou que o equívoco seria corrigido. Entretanto, acabou de repente surpreendida e presa um mês depois mesmo sem dever nada para a Justiça.