Se antes o lixo não tinha dono, agora ele já é disputado e até “furtado”. Na Estância Turística de Ilha Solteira a Prefeitura Municipal prepara plano para conter o seqüestro do lixo que prejudica os integrantes de um importante projeto social.
A Cooperativa de Reciclagem e Seleção de Lixo vem reclamando a redução constante da quantidade de material reciclável recolhido na cidade.
A cota mensal que girava em torno de 30 e até 40 toneladas, já caiu para 22 toneladas, obrigando a cooperativa reduzir em mais de 40% o seu quadro de associados.
Um dos motivos segundo o presidente da entidade Adauto Francisco Salles, são os furtos que vem ocorrendo por parte de empresas de reciclagem de outras cidades. Salles disse que algumas chegam pela madrugada com caminhões e equipes que recolhem aquilo que seria da cooperativa local.
O ilhense Benedito de Souza, morador da zona norte da cidade, disse já ter testemunhado a ação “profissional” de empresas de outra cidade, “furtando o lixo que é nosso”. Para Souza, é preciso que todos os cidadãos tenham consciência de que o lixo deve ser destinado exclusivamente para os associados da cooperativa, pois a atividade representa trabalho e sobrevivência para duas dezenas de pessoas.
Solidariedade necessária
Para facilitar o recolhimento do lixo reciclável, a Prefeitura estabeleceu que a quarta-feira seria o dia desse serviço ser realizado. Mas como existem apenas três caminhões para a coleta em toda cidade ( um da cooperativa e dois da prefeitura), a coleta que começa às 6h30 da manhã só termina no fim do dia.
Isso facilita a ação dos “ladrões de lixo”, pois o produto fica exposto a maior parte do dia. Por causa disso o Departamento de Obras e os dirigentes da Cooperativa, estudam a possibilidade de dividir a cidade em pequenas regiões, sendo que cada uma delas vai depositar o lixo reciclável uma vez por semana, de preferência deixando o produto na frente de sua casa para que tudo seja recolhido das 7 às 9 horas, por exemplo.
Outra alternativa será utilizar a Guarda Municipal para a fiscalização, pois segundo a assessoria jurídica da Prefeitura, no caso do seqüestro do lixo ser feito por empresas estabelecidas em outras cidades, o município poderá coibir através da lei do comércio que exige pagamento de taxas, ISS e alvará de licença.
Por outro lado, a queda de materiais recicláveis vem ocorrendo também porque a população andou relaxando a campanha que deve ser permanente. Com isso, muito lixo reciclável como garrafas pets, estão sendo descartados juntamente com o lixo orgânico. Razão pela qual, várias pessoas voltaram a trabalhar no lixão, pois elas recolhem ali aquilo que os cidadãos deixaram de fazer em cada.
Para o presidente da Cooperativa de Reciclagem e Seleção de Lixo de Ilha Solteira, Adauto Salles, “falta solidariedade por parte da população”.
