Revolta do batom 1
A indicação por parte do poder público municipal de três homens para integrar o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Rio Preto provocou indignação entre representantes de coletivos feministas e entidades da sociedade civil, que já se mobilizam para impedir que os nomes deles sejam oficializados. A bola fora já está rendendo uma gritaria geral nas redes sociais.
Revolta do batom 2
“Isso parece piada ou provocação. É um escárnio total. Não temos nada contra os homens, queremos debater políticas públicas para as mulheres com eles. Os companheiros são bem-vindos, sim, nas discussões, mas não nos assentos do Conselho. Este é nosso lugar de fala”, diz Sônia Paz, presidente do Conselho, que em breve passa o bastão para sua sucessora.
Siga o fio 1
Siga o fio, para entender a encrenca: o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher é composto por 24 conselheiras e suas respectivas suplentes. Por se tratar de um organismo paritário, 12 conselheiras (mais 12 suplentes) são indicadas pelo poder público, e 12 conselheiras (mais 12 suplentes) são eleitas a partir das indicações feitas pelas entidades civis que contam com cadeiras no colegiado.
Siga o fio 2
Foi no último sábado, dia 9, quando ocorreram as eleições das representantes da sociedade civil organizada, que se tornaram conhecidos dos nomes indicados pela Prefeitura, que não estão sujeitos a votação. A aprovação, no caso, é automática.
Até tu?
O mais incrível de tudo é que a Secretaria dos Direitos da Mulher, Pessoas com Deficiência, Raça e Etnia foi a responsável por indicar dois homens, ambos ocupantes de cargos de comissão e assessores da titular da pasta, Maria Cristina de Godoy Augusto. Um deles é Igor Gonçalves e o outro é Demécio Rodrigo.
Sem exceção
O terceiro nome indicado, este pela Secretaria da Habitação, é do engenheiro, sindicalista e petista Carlos Henrique, que disse ao grupo desconhecer totalmente que seu nome tinha sido apontado pela pasta na qual está lotado. “Eles pensaram que, por se tratar de um companheiro de esquerda, a gente acharia normal, o que é mais absurdo ainda. Tanto que o próprio Carlos já formulou um documento declinando da indicação”, continua Sônia Paz.
Não e não
Os três nomes indicados pelo poder público são suplentes, mas esta condição não minimiza o “despropósito”, segundo Sônia, uma vez que, mesmo nesta condição, eles têm direito a fala, ou seja, a pautar os debates, e ganham o poder de voto nas ausências dos respectivos titulares. Importante ressaltar, no entanto, que a lei de criação do Conselho não impede homens de ocupar assento entre suas 48 vagas (entre titulares e suplentes).
Não faz sentido
O barulho é tanto nas redes sociais que já envolveu vários setores representativos. “Acho importante destacar que não há um entendimento que somente as mulheres podem falar sobre os direitos das mulheres. O que não faz nenhum sentido é que em um Conselho, cujo objetivo é ser um espaço de contato entre o poder público e as mulheres, esse Conselho não seja formado por mulheres”, diz a professora doutora da Unesp Mônica Galindo, do Conselho Afro de Rio Preto, uma das que veio a público expor sua indignação.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura que tentou obter informações com a pasta das Mulheres e não conseguiu. Assim que houver uma manifestação, a coluna volta ao tema.