O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (Solidariedade), se pronunciou, nesta terça-feira (9), sobre o vazamento de um vídeo íntimo da sogra dele. No texto divulgado nas redes sociais, ele chamou o caso de “escárnio público” e afirmou que ele, a eposa, Juliana Cunha Lima, e toda a família viveram “alguns dos piores dias da nossa vida”.
O vídeo íntimo com consumo de drogas foi amplamente divulgado desde a última quarta-feira (2) em redes sociais e aplicativos de mensagens, chegando aos assuntos mais comentados em algumas plataformas. O g1 tentou falar com a vítima, mas não conseguiu contatos dela.
O prefeito explicou que decidiu falar abertamente sobre o caso por não ter nada a esconder. “Além de não termos o que esconder, é preciso, sempre, lembrar que ninguém, além de nós mesmos, é responsável pelas nossas atitudes e escolhas. Da mesma forma, você e eu não podemos ser responsabilizados pelas escolhas e atitudes de ninguém, nem mesmo de um pai, de uma mãe, de um filho (maior de idade) e, muito menos, de um sogro ou sogra”.
Segundo a publicação, Juliana Cunha Lima descobriu que estava grávida uma semana antes da divulgação do vídeo da mãe. “Vi minha esposa com seis semanas de gravidez chorar duplamente – chorar por não ter a convivência da mãe há mais de 10 anos e chorar por ver a mãe em uma situação tão delicada”.
Para Bruno, em vez de estender a mão para ajudar, as pessoas trabalharam para “apedrejar quem já estava caído”. “Embora nada apague o fato de que o conteúdo do vídeo ser uma lástima, a decisão de cooperar com a dor do outro escreve a respeito do nosso caráter com letras garrafais”.
Ele citou que o vídeo foi usado para atacar cristãos e a igreja; para criar fatos políticos; e para fazer piada com a situação, aproveitar o “hype” e ganhar seguidores e engajamento. Bruno também criticou os que riram da dor da família e as mulheres que participaram da divulgação do vídeo.
O prefeito também lembrou do caso do filho da cantora Walkyria Santos, Lucas Santos, que morreu após ser vítima de cyberbullying. “Até quando vamos cooperar com a destruição de vidas e reputações e fingir que tudo isso é normal? Até quando vamos matar pessoas, disseminando nosso “ódio do bem”, nossa piada de mau gosto, a fofoca pelo entretenimento. Quantas vidas terão que ser perdidas para nos darmos conta que nos tornamos tóxicos?”, questionou.
Juliana Cunha Lima também se pronunciou sobre o caso nas redes sociais. Ela explicou que não mora com a mãe desde os 16 anos e atribuiu a própria formação e educação ao pai e à avó.
Ela diz que o que aconteceu “deveria ser motivo de orações e misericórdia, jamais de brincadeiras”. “Por muito menos, por exposições muito menores pessoas tiram suas próprias vidas todos os dias. Graças a Deus, tive forças, muito amor e muito apoio para superar esse momento. Infelizmente, outras pessoas, por menos, sofrem aborto devido uma enorme carga de estresse. O #cyberbullying já ceifou tantas vidas e ninguém está imune a isso”, publicou.
A primeira-dama explicou que, na ocasião do vazamento do vídeo, saiu das redes sociais porque algumas pessoas usaram fotos dela para fazerem publicações e postaram comentários e mensagens agressivas para ela.
Ela ainda reforçou a opinião do marido de que a família não deve ser responsabilizada pela atitude de uma pessoa: “Cada um é responsável por suas escolha (sic) e também por suas consequências, sejam elas boas ou ruins”.
Compartilhar vídeos íntimos é crime
O compartilhamento e divulgação de vídeos íntimos, envolvendo terceiros, é crime. Quem contribui com a prática, através das redes sociais, também pode responder pelo crime.
Em 2018 a lei 13.718 modificou o Código Penal e inseriu um novo crime no ordenamento jurídico:
“Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia”.
A pena pode variar de um a cinco anos de reclusão, mas as penalidades podem ser aumentadas caso o agente repasse uma imagem ou vídeo em que mantinha uma relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.