A possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial tem trazido à tona, nos últimos dias, um conjunto de denúncias de crimes eleitorais praticados por empresários e administradores públicos bolsonaristas.
A maioria delas está relacionada a coação e ameaça de demissão caso o atual mandatário não seja reeleito.
Em Caiana (MG), na Zona da Mata mineira, o prefeito Maurício Pinheiro Ferreira(PP) pressionou, em vídeo publicado em seu Instagram na terça-feira (4), servidores a mudarem o voto para Bolsonaro no dia 30 de outubro. Ele chega a dizer que não se responsabilizará pelo pagamento dos salários caso seu candidato não saia vencedor.
“Quero deixar bem claro: eu não deixei faltar o pão na mesa de vocês quando o PT esteve na gestão do estado de Minas Gerais. Eu não deixei! Eu tive que optar entre o salário de vocês e o pagamento dos fornecedores, porque o governo do Estado reteve todo o dinheiro dos municípios. Sabedores disso, eu não mais passar por essa vergonha”, disse o prefeito Maurício, em ameaça velada.
Caiana apresentou um resultado favorável a Lula, com 56,44% dos votos para o petista, ante 37,82% para Bolsonaro.
Casos semelhantes de assédio e perseguição política a funcionários por empregadores foram vistos em cidades como Não-Me-Toque (RS), Potirendaba (SP) e Tijucas do Sul (PR). Na cidade gaúcha, o vice-prefeito Gilson Trennepohl emitiu um comunicado sugerindo uma demissão em massa caso Lula seja eleito.
O eufemismo utilizado por Trennepohl foi a “redução da base orçamentária em 30%”. Ele é dono de uma empresa de máquinas agrícolas e doou R$ 350 mil para a campanha de Bolsonaro.
Já em Potirendaba (SP), uma funcionária da prefeitura denunciou a gestora Gislaine Franzotti (PTB) por coação e assédio. Tijucas do Sul (PR) ficou marcada pela ameaça que o empresário Leonides Bogo Júnior, conhecido como Oni Jr., fez aos funcionários de seu posto de gasolina. “Caso a esquerda ganhe, eu irei demitir mais de 50 colaboradores”, disse na ocasião.