terça, 19 de novembro de 2024
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Preço de alimentos fecha em queda pela 1ª vez desde 2017

A perspectiva para 2023 é de uma redução nos preços dos alimentos devido a uma safra recorde e uma desinflação global, uma situação não vista desde 2017. Segundo o Índice…

A perspectiva para 2023 é de uma redução nos preços dos alimentos devido a uma safra recorde e uma desinflação global, uma situação não vista desde 2017. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, o grupo de alimentação no domicílio registrou uma média de 2,4% de queda nos preços até novembro.

Economistas estimam uma deflação de pouco mais de 1%, com carnes ficando 9,4% mais baratas e aves e ovos, 6,8% mais acessíveis. O INPC, que reflete os custos para famílias com renda de um a cinco salários mínimos, atingiu seu menor valor desde 2017, marcando uma taxa de 3,1% até novembro.

Essa redução nos preços é crucial para a parcela da população com menor renda, já que a alimentação representa uma fatia significativa do orçamento. O INPC é um indicador vital, abrangendo metade da população do país em média.

O economista Luiz Roberto Cunha, da PUC Rio, destaca o recorde na safra de grãos este ano, aumentando a oferta de produtos como soja, milho e feijão, impactando itens correlatos, como óleo de soja, carnes e frango.

Os preços das commodities agrícolas, que subiram durante mais de dois anos devido à pandemia e conflitos internacionais, agora desaceleraram, refletindo-se no consumidor final, liberando espaço nos orçamentos domésticos.

André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV/Ibre, destaca que essa redução nos custos alimentares foi fundamental para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo governo.

Ele ressalta que itens como óleo de soja, feijão-carioca, leite longa vida e frango devem encerrar o ano com preços mais baixos, melhorando a qualidade da alimentação das famílias. “As famílias não comem mais, elas comem melhor. Além de poder comprar outras coisas que fazem falta no dia a dia”, disse Braz.

Apesar da melhora em 2023, especialistas alertam que os alimentos ainda estão mais caros do que antes da pandemia. Desde janeiro de 2020 até novembro de 2023, a alimentação no domicílio acumula uma alta de 45%, segundo o IPCA.

Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, diz que além da supersafra de grãos, produtos in natura, como batata, cebola e frutas, subiram bem menos do que em 2022. “Na parte de proteína, estimamos queda de 9,4% nas carnes. O preço de aves e ovos deve cair 6,8%. Muitos itens na alimentação perderam força, e alguns entraram em deflação”, afirmou.

Para o próximo ano, analistas preveem um cenário menos otimista. O fenômeno El Niño pode impactar as colheitas brasileiras, aumentando os custos de frutas, legumes, verduras, carnes, frangos e ovos.

Braz salienta que o El Niño pode prejudicar a safra do próximo ano, mas a situação pode ser amenizada com um aumento e regularidade nas chuvas. Ainda assim, a tendência é de altas temperaturas até abril de 2024, afetando o ciclo de plantio de soja e milho.

Essas condições climáticas devem resultar em aumentos nos preços de óleo de soja, carnes, frangos e ovos, impactando diretamente a alimentação animal.

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