domingo, 24 de novembro de 2024
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Preço alto do combustível derruba consumo em 35%

A previsão para o preço do combustível nos próximos meses não é nada boa. De acordo como Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de SP, Sincopetro, mais aumentos…

A previsão para o preço do combustível nos próximos meses não é nada boa. De acordo como Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de SP, Sincopetro, mais aumentos devem chegar as bombas de combustíveis por todo o país. Nas regiões de Rio Preto (SP), Araçatuba (SP) e Presidente Prudente (SP) não será diferente. O preço em média praticado atualmente do etanol, nos postos dessas regiões, já chegou a R$ 5 reais o litro, o da gasolina está em R$ 6 reais e do diesel é de R$ 3,63, segundo levantamento realizado pelo SBT Interior.

Em discursos recentes, o Presidente Jair Bolsonaro tem jogado a culpa dos preços altos dos combustíveis nas costas dos Governadores, alegando que o valor do imposto ICMS, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, cobrado pelos estados, é o responsável pela disparada nas bombas. Contrariando a narração do presidente, o Governador de SP, João Doria, publicou nas redes sociais a real situação desmentindo Bolsonaro.

Doria afirma que a culpa pelo aumento do combustível não é do ICMS e relatou: “O valor histórico do litro da gasolina, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo): em 2015 era de R$ 3,32, em 2017 era de R$ 3,68, em 2019 de R$ 4,19 até 2021 de R$ 7,00, enquanto o valor do ICMS de SP desde 2015 é o mesmo: 25%. Doria acrescentou, “Pior que a incompetência do Governo Federal em administrar a economia, é a tentativa de colocar a população contra os Governadores com narrativas mentirosas”.

O preço alto nas bombas já fez o consumo diminuir drasticamente. Ainda segundo o Sincopetro a redução do consumo já chegou a 35%. Motoristas de aplicativos como o José Nogueira, 35 anos, que trabalha em Rio Preto, diz que só atende passageiro que vai transitar por mais de 8 km dentro da cidade, do contrário não vale a pena. “O preço pago pela corrida não cobre os custos do carro como gasolina, pneu e manutenção, se colocar tudo no papel”, afirma. Muita gente já está aderindo a carona com vizinhos e colegas de trabalho. E mais uma vez quem paga é o brasileiro. Sobe o preço do combustível, sobe o mercado, o serviço e a inflação dispara.

A instabilidade política brasileira somada a outros dois fatores contribuiu para esse aumento do combustível.

Dois são os motivos que levaram o preço do combustível nas alturas. O valor do combustível está atrelado ao preço do petróleo que por sua vez depende da variação da moeda americana, o Dolar. Segundo o presidente do Sincopetro Rio Preto, Roberto Uerrara, a moeda brasileira, o Real, está cada vez mais desvalorizada perante a moeda americana. “Como esse valor é cambial e oscila o tempo todo, e nesse momento da economia tem a variação sempre para mais, o preço do combustível tem sofrido sucessivos aumentos, conforme cada desvalorização do Real”, acrescentou.

O outra explicação, mas que agora remete ao preço do etanol, é que o produto está escasso na lavoura de cana-de-açucar. A produção no estado de SP, o maior do país, caiu 15,7%, especialistas atribuem ao efeito climático e na redução da área de plantio. A produção paulista está estimada em 298,7 milhões de toneladas, 15,7% menor que o volume colhido na safra anterior. A área destinada a produção de diminuiu 8%, resumindo-se em 4 milhões de hectares. Os dados são do 2° Levantamento da Safra 2021/22 de Cana-de-Açúcar, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Somando as condições climáticas nessa temporada que não são boas por causa da crise hídrica enfrentada no Centro-oeste e Sudeste do país tem se o resultado explosivo do preço do etanol. Os níveis pluviométricos ficaram bem abaixo do esperado para o bom desenvolvimento da lavoura de cana-de-açúcar. Com os resultados impactados negativamente na produção, as usinas tem preferido destinar a fabricação de adoçantes, o que corresponde a 56% da produçao, e o restante, 44% para a produção do etanol. A explicação das usinas é que existem contratos de exportação já firmados e que precisam ser honrados. Economicamente, para as usinas o valor de mercado do açúcar lá fora é bem mais vantajoso do que o do etanol brasileiro mesmo porque a oferta global de açúcar está baixa e com isso aumenta o valor das commodities.

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