Mais um capítulo da novela envolvendo o “jogo de empurra” sobre o fechamento do Hospital do Câncer de Fernandópolis, entre a direção da Fundação Pio XII e o Governo do Estado de São Paulo está sendo escrito neste momento, no Fórum de Fernandópolis.
O presidente da instituição, com sede em Barretos, Henrique Prata, protocola neste instante uma ação civil pública contra o governo paulista.
Durante entrevista coletiva concedida à imprensa no início do mês, Prata culpou o governador Geraldo Alckmin pelo fechamento da unidade do Hospital do Câncer na cidade.
“Até um ano e meio atrás, o governador Geraldo Alckmin cumpria tudo que falava, mas de lá para cá não está cumprindo nada. O credenciamento no SUS da unidade de Jales e Fernandópolis depende do governo do Estado de São Paulo, mas faz cinco anos e só agora que pediram pra Jales. O governador não está interessado com a situação da saúde em Fernandópolis”, manifestou Prata.
OUTRO LADO
Na tarde de ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) culpou o governo federal pelo fechamento do Instituto de Prevenção Julia Marzola Faria e da Unidade de Prevenção Célia Coutinho Semeghini, ambas unidades do Hospital de Câncer de Barretos que funcionam em Fernandópolis.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que, até o momento, não recebeu nenhum pedido de credenciamento referente à unidade do hospital de Fernandópolis.
O encerramento foi anunciado no início de junho pelo diretor geral, Henrique Prata, afirmando que, sem repasses públicos, não tem como manter os atendimentos a cerca de 1 mil pacientes por dia na instituição.
Alckmin defendeu que o funcionamento das unidades já foi aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), do governo estadual, que enviou o pedido de credenciamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) há um ano. Entretanto, o Ministério da Saúde ainda não se manifestou.
“O governo federal é quem tem que credenciar o hospital para receber o dinheiro do SUS. O Ministério da Saúde alega que não tem dinheiro e não credencia. Mesmo aquela tabelinha pequenininha do SUS, que não cobre nem a metade dos custos, eles pagam”, afirmou.
A declaração ocorreu nesta terça-feira (14), durante a entrega de obras de duplicação da Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), em Santa Ernestina (SP). Alckmin disse que em três anos o Estado já repassou R$ 178 milhões à Fundação Pio XII, que administra o hospital.
Só em 2016, ainda de acordo com o governador, está previsto o repasse de mais R$ 36,5 milhões – desse total, R$ 16,4 milhões já foram entregues. Alckmin disse que se encontrou com o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), para cobrar o credenciamento das unidades.
“Quem está ajudando é o Estado. São Paulo está arcando com uma conta que nem é do Estado, porque muita gente vem de outros lugares, seis, sete, dez estados diferentes. O hospital está funcionando há vários anos, sem um centavo da área federal”, criticou.
O deputado federal Fausto Pinato vem tentando um diálogo entre Prata e o governo de São Paulo, já que o caminho para sanar essa situação é reaver posições entre ambus. “Todos tem que dar uma passo à traz e com calma resolver essa questão para não prejudicar os pacientes e a cidade de Fernandópolis”, disse Pinato.
ABAIXO-ASSINADO
Representando os profissionais de Educação de Fernandópolis e região, Carlos Cabral e alguns manifestantes aproveitaram a ocasião para entregar a Prata um abaixo-assinado com 12.216 assinaturas de populares contra o fechamento da unidade.
Outras cópias ainda serão entregues para a prefeita Ana Bim, o presidente da Câmara, André Pessuto, o governador Geraldo Alckmin, o secretário de Saúde de SP, David Uip, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, e o presidente interino da República, Michel Temer.