segunda-feira, 16 de setembro de 2024
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Não haverá vagas em Nuremberg 2

Onze cadeiras estarão devidamente ocupadas em um novo julgamento de tiranos, numa sonhada repetição do júri de Nuremberg, em poucos anos. Não haverá vagas nem cadeiras vazias, como ocorreu em…

Onze cadeiras estarão devidamente ocupadas em um novo julgamento de tiranos, numa sonhada repetição do júri de Nuremberg, em poucos anos. Não haverá vagas nem cadeiras vazias, como ocorreu em 20 de novembro de 1945, no julgamento de nazistas assassinos da Segunda Guerra Mundial. Entre os ausentes daquele julgamento estava Getúlio Vargas, o tirano que presidiu o Brasil com mão de ferro no primeiro período ditatorial do país, e que suicidou-se certamente para escapar de uma dura condenação, após aparelhar o judiciário, as forças armadas e o serviço público com seus apadrinhados.

Para entender bem esta parte negra da história brasileira é preciso, pelo menos, ler dois livros. “Falta alguém em Nuremberg”, do jornalista David Nasser, escrito e publicado originalmente em 1947 com relatos de como agia a polícia política de Filinto Müller, o chefe da segurança nacional, nomeado e protegido por Getúlio.

O outro livro é “Olga, do escritor comunista Fernando Morais, lançado em 1985, com relatos de como a judia-brasileira e mulher do também comunista Carlos Prestes foi entregue como presente por Getúlio a Adolf Hitler para ser assassinada em câmara de gás, no último semestre da Segunda Guerra.

Também é indicada a leitura de “Getúlio”, um dos livros históricos mais importantes do jornalista e escritor cearense Lira Neto, lançado em 2012, com um grande acervo de informações de como o ditador governava sem dar muita importância para leis e o povo, mesmo com seu período tendo sido denominado pela imprensa como “Estado Novo” e decretado o fim da “velha política”.

Sem estas leituras você certamente entenderá pouco ou nada do que ocorre hoje no Brasil e muito menos sobre as cadeiras que serão totalmente ocupadas no julgamento futurista de Nuremberg 2.

A tirania de hoje só não é a mesma dos dois governos de Getúlio porque não há somente um ditador com seu pau mandado tirano. Filinto Müller foi multiplicado nos tempos atuais por 11 e o ditador da cadeira planaltina age, na verdade, como elemento de um movimento que transcende os limites territoriais e políticos do Brasil.

Estamos tratando de um movimento mundial formatado por nações poderosas, governadas por tiranos que querem o domínio das grandes riquezas naturais que ainda restam ao planeta. A Amazônia e seus minérios, por exemplo, e não somente a impensável redução populacional (pesquise sobre a Agenda 2030).

Contudo, e apesar disso, o comando local, dentro do Brasil, está entregue às mãos de 11 pessoas, sob a proteção de um pau de galinheiro corrupto e descondenado, e de seus aliados nas casas legislativas, tribunais, etc.

Você pode até estranhar e se indignar com esta linguagem cifrada. Mas, entenda, ainda não chegamos ao Nuremberg 2. E até lá, é prudente que seja assim. Vide o caso Elon Musk e a derrubada de sua rede social. Vide a prisão ilegal de Filipe Martins, dos perseguidos de 8/1, das jogadas dos tribunais e de procuradorias para incriminar líderes opositores (baleia, relógio, minuta de golpe, vacina…) a qualquer custo, vide as bárbaras reinterpretações e ressignificação da Constituição de 1988, etcetera.

Nuremberg 2 terá 11 cadeiras ocupadas na primeira fila e nenhum dos seus ocupantes poderá tentar escapar pela desculpa de nazistas do segundo escalão de que estavam apenas cumprindo ordens quando assassinaram judeus, negros, gays, artistas e sacruficaram o povo. Agora não haverá desculpa.

Na segunda fila, com mais de uma centena de cadeiras estarão outros igualmente culpados e também dignos de duras sentenças. Mas, a eles, sim, será dado o direito de alegarem o cumprimento de ordens – não de inocência. São, hoje, cidadãos subjugados a seus próprios crimes, é verdade, mas não encontram saída para se livrarem de sentenças, mesmo hoje, porque arrastariam para o esgoto seus familiares, aliados, grupos inteiros e até mesmo a República. Precisam seguir o bonde para sobreviver, embora também se valham disso.

O julgamento deles será conjunto, mas não em bloco, em baciada como ocorre hoje nos processos de 8/1. As penas e crimes serão individualizadas, desde o chefe da quadrilha (leia “O Chefe”, livro memorável do jornalista Ivo Patarra, em 2006) até seus subalternos cumpridores de ordens ilegais.

Neste Nuremberg 2 não haverá uma grade de ferro separadora entre acusados e acusadores. Será um julgamento no cenário de ar livre das redes sociais, para todos verem a vergonha dos que hoje sustentam seus títulos de autoridades nomeadas ou eleitas. Ou os dois.

Enquanto isso não chega, e nem ainda é possível estimar quando o novo tribunal será instalado, resta aos brasileiros seguirem enfrentando a tirania, o autoritarismo e as perseguições, orando por Nuremberg 2.

Detalhes:
Nuremberg: cidade hoje com 550 mil habitantes, no sudeste da Alemanha
Julgados: nazistas, aliados de Hitler e seus comandados
Condenações: prisão perpétua e ressarcimento financeiro de danos, incluindo familiares

Todos os livros citados podem ser encontrados em formato PDF, com distribuição gratuita em diversos sites.

Valdecir Cremon é jornalista, aspirante a escritor e anti esquerda.

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