Por tirar notas baixas na escola, uma adolescente de 15 anos foi agredida fisicamente e teve a cabeça raspada pelo pai em Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá.
Após a agressão, ocorrida na quinta-feira (25), ela ficou impedida de sair de casa e de entrar em contato com a mãe, que é separada do suspeito. O crime está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso, do município.
A mãe da adolescente contou ao G1 que a filha pegou escondido o celular da madrasta e lhe mandou uma mensagem com os seguintes dizeres: “Mãe, meu pai raspou minha cabeça, estou careca, estourou a minha boca e meu ouvido e peguei o celular escondido. Não me mande mensagem e não ligue aqui. Te amo, beijos”. Desse modo, ela disse ter ficado em desespero e procurou a polícia. Segundo a mãe, a vítima estava morando há quatro meses com o pai.
Acompanhada da Polícia Militar, a mãe, que hoje encontra-se escondida do suspeito junto com a filha, foi até a residência do ex-marido, mas não encontrou ninguém. Ela então entrou em contato com o suspeito por telefone e perguntou sobre o paradeiro da filha. “Ele disse que estava viajando e que a minha filha estava em casa e desligou o telefone. Mas depois ligou de volta e falou que iria me matar”, declarou. Em seguida, a mulher passou o telefone para o policial e o suspeito contou que a adolescente estava na casa da sogra dele.
A polícia então foi até a residência informada e pediu que a madrasta da vítima a chamasse. “Fiquei em pânico quando a vi com a cabeça raspada e cheia de hematomas”, disse a mãe da adolescente, que preferiu não ter o nome divulgado. Ela registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar e denunciou o caso à Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso.
Amedrontada com os atos de violência do suspeito, a mãe da adolescente disse que pediu demissão do emprego e está escondida para que ele não descubra onde elas estão. Ela conta que por duas vezes o ex-marido agrediu a filha, mas que a vítima pediu que não o denunciasse por medo da reação do pai. “Mas dessa vez não teve jeito porque tive de chamar a polícia para tirá-la do local”, avaliou.
Sobre as notas baixas da filha, a mãe alega que a garota quase não tinha tempo para estudar porque trabalhava o dia todo como caixa em um supermercado da cidade, apesar de ter sido contratada como menor aprendiz. Além disso, durante o tempo que ficava em casa ela se encarregava dos afazeres domésticos. Conforme a mãe, a filha pediu ao pai que não queria mais trabalhar porque estava cansada e não conseguia conciliar o serviço com as aulas, mas ele não deixou.
“Ela estudava à noite e como andava de ônibus só chegava em casa por volta de meia-noite. No dia seguinte, acordava às 5h”, afirmou. A vítima cursava o 2º ano do ensino médio em uma escola da cidade, mas depois da agressão interrompeu as aulas.
A delegada Juliana Carla Buzetti informou, por meio da assessoria da Polícia Civil, que o caso está sendo apurado, mas que para segurança da vítima não iria dar detalhes sobre o andamento das investigações. O pai da vítima não foi preso.