De Brasília,
Em meio a escândalos de mensaleiros e sanguessugas, o eleitorado brasileiro tirou do Congresso Nacional quase a metade dos parlamentares. Dos atuais 513 deputados, 48,7% ficaram sem mandato para a próxima legislatura. O maior índice de renovação foi registrado em Alagoas, que terá sete novos ocupantes para as nove vagas do estado. De acordo com especialistas, apesar das crises de corrupção, o índice de renovação ficou entre a média de outras eleições, entre 40 e 55%. Porém, o cientista político da Universidade de Brasília, José Alves Donizeth alerta que a mudança no nome de deputados e senadores não representa mudança no perfil dos políticos. “Se os novos eleitos, essas pessoas que ocuparam o espaço anteriormente ocupado por outros parlamentares que não se reelegeram fossem marcado por um perfil diferente dos anteriores. Tivesse um outro perfil ideológico. Ou a esquerda ou a direita. E não necessariamente isso acontece. Às vezes, pessoas com o mesmo perfil só tem o histórico pessoal diferente”, disse.
A divulgação de listas e freqüentes campanhas contra a corrupção inibiram o retorno dos parlamentares envolvidos com a compra superfaturada de ambulâncias. Dos 46 deputados acusados pela CPI dos Sanguessugas que disputaram a reeleição, apenas seis conseguiram vitória. Entre os 11 envolvidos com o esquema do mensalão e absolvidos em plenário, cinco retornaram ao Congresso e mais dois deputados que renunciaram se elegeram. O eleitorado paulista trouxe de volta à vida política o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, envolvido com a quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, e o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. Os dois foram eleitos deputados federais. Para José Alves Donizeth, o povo brasileiro precisa de mais cidadania para aprender a votar. Você não pode cobrar de pessoas desqualificadas em termos de cidadania uma postura coerente. Se você não é cidadão, como vai exigir algo semelhante de outro. O Congresso brasileiro reflete o baixo grau de cidadania e de tradição democrática do país, acrescenta.
A cláusula de barreira, imposta pela nova legislação eleitoral, prejudicou nove dos 16 partidos com representação no Congresso. Partidos como o PPS, PV, PC do B, PSOL, PTB, PL e Prona perderão força e poder político na Câmara e no Senado. As maiores bancadas de deputados ficaram com o PMDB e o PT, respectivamente.